CREMERJ em Revista Outubro/2020

12 CREMERJ em Revista • Outubro | 2020 Médico jovem M édica jovem com experiência de profissional tarimbado Ginecologista Beatriz Costa fala sobre suas responsabilidades frente ao CREMERJ e à profissão CREMERJ em Revista: Quando você descobriu que queria ser médica? Beatriz Costa: Quando eu tinha uns 5 anos de idade, prescrevia Buscopam para as pacientes grávidas da minha mãe, quando estavam com cólica. Eu atendia ao telefone e perguntava: “Está com contração de quanto em quanto tempo?”. Eu já brincava de médica. Acho que me descobri aí. Eu vi o cuidado que meus pais tinham com os pacientes, o amor pela profissão. Minha mãe é ginecologista e obstetra e meu pai é cirurgião geral. Fiz ginecologia e obstetrícia. Nunca quis ser outra coisa, a não ser médica. Mesmo com todas as dificuldades. CR: Eles continuam clinicando? BC: Com a pandemia, minha mãe foi obrigada a se afastar. Ela tem 69 anos e meu pai 73 anos. Até o começo da pandemia, trabalhavam, normalmente. Eu estava grávida, em fevereiro. E o meu pai operou o coração em 3 de março. Foi difícil, mas está tudo bem, agora. CR: Você é médica jovem até quando? BC: Até dezembro. Pela World Medical Association (WMA) para você ser médico jovem, que é o Junior Doctors , você tem que ter 40 anos ou dez anos de formado. Por que dez anos? Porque são seis anos de faculdade, mais a residência médica e depois você tem que cavar seu lugar ao sol. É só o início para começar a ter um reconhecimento pela profissão. Dez anos é o tempo que você demora depois da residência. Hoje, não se faz só uma área básica. O estudante faz residência e uma área de atuação, uma subespecialidade. No mínimo, de três a seis anos de especialização, depois da faculdade. Conversamos no programa médico jovem sobre as dificuldades que ele enfrenta até conseguir se estabelecer. CR: Você está nessa história do médico jovem há muito tempo, não só no Rio como no Brasil. BC: Fui presidente da Amererj, em 2010. Comandei uma greve aqui no Rio de Janeiro. Foi a maior da história da residência médica. Foram 45 no Brasil inteiro. Depois, fui a segunda mulher a ser presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes e a que ficou mais tempo. Um ano como interina e dois como presidente efetiva. Participei dos vetos do ato médico, de toda aquela discussão do Revalida, do Provab e do Mais Médicos. Eles querem usar a residência médica como uma mão de obra barata. Estudamos muito para cuidar do paciente. A vida inteira. Na verdade, não lutamos por uma reserva de mercado. Lutamos em prol do paciente. Várias profissões querem atuar na área médica, no ato médico, e, na verdade, fazem mais mal ao paciente do que bem. Podem cometer erros que prejudiquem o paciente, por falta de conhecimento e de treinamento. Beatriz Costa

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