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CREMERJ em Revista • Março | 2020 11 A seguir, médica se dedica à carreira e ao esporte paralímpico conceituada. Decidi escre- ver para ela e perguntei se poderia aprender com ela. Como eu não sabia inglês, uns amigos me ajudaram. CR – E qual foi o retorno? RC - Essa médica disse que ninguém havia escrito a ela e ficou feliz. Por isso, re- solveu me receber, mas dis- se que não teria como me pagar. Eu, imediatamente, procurei o consulado britâ- nico em busca de uma bol- sa. Não foi fácil, mas conse- gui negociar dois meses de estudos para antes da data do estágio. Todo esforço valeu a pena! Pratiquei o inglês antes de começar mi- nha especialização. CR – E como foi essa ex- periência na Inglaterra? RC - Impressionante! Es- tava aprendendo cardiolo- gia pediátrica com uma das maiores médicas do mundo, Jane Somerville. Passava o dia inteiro com ela. Fazia cateterismo cardíaco, assis- tia a pacientes graves e a acompanhava em todos os procedimentos. Lá, tudo era avançado em termos de es- trutura. Havia cateteres que eu nunca tinha visto. Guar- dava vários. Levava para o hotel, lavava e, quando re- tornei ao Brasil, trouxe três malas de cateteres! Aqui não tinha nada disso. CR – Teve outra vivência internacional? RC - Sim, nos Estados Unidos. Quando terminei a especialização, resolvi fazer concurso para o Texas Chil- dren’s Hospital, emHouston. Era a última palavra em cate- terismo cardíaco pediátrico e mostrava os melhores re- sultados cirúrgicos possíveis de serem realizados naquela época. Que aprendizado! CR – E o que fez quando retornou ao Brasil? RC - Cheguei em 1974 e prestei concurso outra vez para o Hospital da Lagoa. Lá, montei o serviço de cardio- logia pediátrica com toda a estrutura. A primeira aber- tura de válvula pulmonar da unidade foi feita por mim. CR - Como a instituição Pro Criança Cardíaca surgiu? RC - Quando me aposen- tei do Hospital da Lagoa, as mães das crianças sem recursos me procuravam na minha clínica particular. Em 1990, fundei a unidade pediátrica do Hospital Pró Cardíaco. A demanda pelo atendimento aumentou e, em 1996, nasceu a institui- ção. Firmei um convênio com este hospital para as ci- rurgias destas crianças. CR – E o hospital voltado para as crianças? RC - Em 2008, surgiu a necessidade da constru- ção de um hospital próprio para ampliação do número de leitos. Procurei um ben- feitor da nossa instituição e ele disse que me daria o pri- meiro cheque se eu achasse um imóvel. Consegui e não parei mais! Fiz muitos even- tos para arrecadar recursos, como shows de Roberto Car- los e Nelson Freire (risos). CR - Equando inaugurado? RC - Em 2014 o Hospital Pediátrico Pro Criança Jutta Batista abriu as portas. Fo- ram R$ 120 milhões, tudo doação de empresários e amigos! Mas não é uma uni- dade dedicada só à institui- ção. É pediátrico geral e faz atendimentos particulares. CR - Quantas crianças já foram atendidas? RC - Temos 15 mil crian- ças cadastradas na insti- tuição. Destas, 1,5 mil já realizaram procedimentos invasivos (cirurgias cardía- cas e cateterismos), feitos no hospital. CR-Pensaempararumdia? RC - Não. Para mim, Me- dicina não é emprego, é res- ponsabilidade. Medicina não é emprego, é responsabilidade. “ ”

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