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10 CREMERJ em Revista • Março | 2020 Médicos que fazem história Apesar de uma dura in- fância e dos obstáculos ao longo da formação médi- ca, a alagoana Rosa Celia Pimentel provou que, na vida, oportunidade não se espera, se cria. Chegou ao Rio de Janeiro com 7 anos. Não imaginava que chega- ria tão longe. Cardiologista pediátrica, fundou a Insti- tuição Pro Criança Cardíaca. Além do trabalho destina- do a crianças carentes, tem uma clínica particular e, em 2014, inaugurou o Hospital Pediátrico Pro Criança Jutta Entrevista com Rosa Celia Pimentel Barbosa Batista, que faz atendimen- tos privado e filantrópico. A médica, que passou por grandes hospitais como Mi- guel Couto, Santa Casa de Misericórdia, Lagoa, Natio- nal Heart Hospital e Texas Children’s Hospital, falou ao CREMERJ em Revista sobre a construção da sua carreira e a criação do seu maior projeto. CREMERJ em Revista – Quando decidiu ser médica? Rosa Celia - Não sei como, mas foi aos 14 anos. E era tão difícil isso. Eu era mulher e pobre. CR – E como conseguiu? RC - Com dificuldade, minha mãe conseguiu uma vaga para mim num colégio interno, na zona Sul do Rio. Estudei a vida toda lá. Depois disso, consegui uma bolsa para estudar para o vestibu- lar e fui morar na residência de um dos benfeitores do internato, porque sabia que não conseguiria estudar na casa dos meus pais. Mas não passei. Acabei conseguindo um emprego em um hos- pital psiquiátrico, onde tive permissão para morar no porão. Com o dinheiro que ganhava, pude ajudar minha família e, no final do ano, passei para a Faculdade Na- cional de Medicina do Rio de Janeiro, em 1964. CR – Quando se formou, sabia que trabalharia com cardiologia pediátrica? RC - Não, essa especiali- dade nem existia no Hospital da Lagoa. As crianças eram analisadas iguais aos adul- tos. Às vezes, não sabíamos o porquê as crianças morriam. Foi aí que eu li um artigo de uma médica inglesa muito

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