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CREMERJ em Revista • Novembro | 2019 21 lidade de “crime de guerra”. E, muitas vezes, executado, sumariamente. Mas, qual era o trabalho do médico na guerra? Afinal, era mui- to limitado, pois, em campo de batalha, era muito difícil. Tentava tornar estáveis as feridas e preparava os lesio- nados para serem transpor- tados para os hospitais de campanha ou os centros de recuperação na retaguarda. A quantidade de mortos por infecção na 1ª Guerra Mundial era enorme. Além da conta. O cessar fogo veio em 1919. Um médico da Marinha, nas frentes de batalha, viu muitos solda- dos morrerem por infecção. E ficou obstinado em ten- tar conter estas sequelas e mortes. Passou a trabalhar dia e noite na busca da cura para este mal, que afligia o mundo, desde sempre. In- fecção, na maioria das ve- zes, significava morte. Cansado, estafado de tanto trabalhar, decretou que tiraria férias, largando tudo para trás. Fechou seu laboratório e foi curtir a vida. Naturalmente, quan- do saímos assim, tão ata- balhoadamente, sempre esquecemos algo. Sempre fica algo para trás que de- veríamos ter feito. E foi o que aconteceu. O médico Alexander Fleming esque- ceu uma de suas culturas aberta. Ao voltar, consta- tou que esta cultura tinha um mofo, um bolor, que não havia sido atacado por bactérias. O mais interes- sante, foi que, onde existia o fungo, surgiram auréolas translúcidas em torno dele, indicando que este poderia conter alguma substância bactericida. E, ao estudar as propriedades deste mofo, do gênero Penicillium , Dou- tor Fleming, o gênio por trás da “sorte”, verificou que o mofo ou fungo conseguia aniquilar “n” bactérias. Até as mais cascudas, como Staphylococcus . Assim, foi descoberta a Penicilina, em 1928. No ano seguinte, Ale- xander Fleming publicou os resultados do estudo no Bri- tish Journal of Experimental Pathology . Mas, somente em 1938, dez anos após a descober- ta, os americanos Ernst Bo- ris Chain e Howard Walter Florey conseguiram isolar a penicilina na ausência de umidade. Daí, para frente, os laboratórios começaram a produzir a Penicilina emmas- sa, em 1941, salvando muitas vidas na 2ª Guerra Mundial. Antes disto, pesquisadores conseguiram produzir, mas de forma artesanal, Penicilina extraída de melões podres. E isto, alavancou o estudo para que laboratórios acelerassem a produção do primeiro anti- biótico. Em 1940, Sir Alexan- der Fleming e os americanos Ernst Boris Chain e Howard Walter Florey receberam o Prêmio Nobel de Medicina da Academia. Em resumo, muita gente foi salva por causa da saída atrapalhada de férias de um cientista e de melões po- dres...

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