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CREMERJ em Revista • Outubro | 2019 23 CREMERJ em Revista - Como foi a relação com seu pai? Jorge Rezende – Ape- sar da diferença grande de idade, para mim, ele era um modelo a seguir. Como médico e pessoa. Meu pai era professor universitário e isso me motivou a seguir a carreira acadêmica. Ele também foi um homem com muita projeção na gi- necologia e obstetrícia, por isso decidi fazer sua espe- cialidade. CR – Quando você perce- beu que gostaria de lecio- nar como o seu pai? JR – Logo no início. Na fa- culdade eu já tinha esse mo- delo de médico-professor e que me levou para esse lado acadêmico. CR – Você chegou a atuar com ele? JR - Não muito. Ele traba- lhou até muito tarde, mas mesmo assim, já era outro tipo de clínica. Até porque as pacientes de um médico mais velho não querem se consultar com um garoto de 20 anos (risos). O que her- dei dele foi o gosto pela vida acadêmica. CR – Sua primeira gestão pública foi na Santa Casa de Misericórdia, certo? JR – Certo, mas a minha atuação hoje é na Mater- nidade Escola da UFRJ. Lá, ensino há muitos anos e, desde o ano passado, sou o diretor. Um cargo de con- fiança da universidade. CR – Qual o diferencial da Maternidade Escola? JR – É uma maternida- de de médio e alto risco. E tudo que está relacionado à Medicina fetal teve origem lá. Certamente ela tem a maior história da obstetrí- cia nacional. De lá também vem grandes nomes da obs- tetrícia como Fernando Ma- galhães e o meu pai, Jorge Rezende. CR – Qual a média de atendimentos da materni- dade? JR – Temos uma média de 700 atendimentos de pré-natal por mês e 190 partos. Fora os exames complementares, cirurgias em fetos, cirurgia para cor- rigir a coluna do bebê ainda na barriga, laser para tra- tar circulação do bebê que passa para o outro em caso de gêmeos, e muitas ou- tras coisas inovadoras que outras maternidades não fazem. Também somos refe- rência no SisReg para tratar algumas doenças como grá- vidas hipertensas, grávidas diabéticas, gravidez de ado- lescente, gravidez gemelar de uma só placenta e doen- ça trofoblástica gestacional, onde somos parâmetro em todo o estado do Rio de Ja- neiro. CR – Você dá aula no en- sino público e privado, o que você percebe de dife- rente? JR – Acho que a principal diferença é que a UFRJ dis- põe de hospitais próprios. Por outro lado, temos di- ficuldades financeiras que acarretam em um funcio- namento muito aquém do ideal em alguns hospitais. O que acaba não permitindo um excelente ensino para os alunos. Já nas universi- dades privadas, há que se fazer convênio com as uni- dades públicas. Mas, por não serem gestores dessas unidades, eles escolhem, geralmente, as que estão funcionando melhor. A ver- dade é que os alunos das redes privada e pública aca- bam tendo chances muito parecidas. Mas o que faz um bom médico é o interes- se pela Medicina e não só a faculdade. CR – O que você conside- ra um divisor de águas na sua área? JR – O grande divisor de

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