Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023
66 Cintilografia de Perfusão Miocárdica: aplicações e avanços recentes Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.61-79, jul-set 2023 Na vigência de contraindicação para estresse físico ou farmacológico vaso- dilatador, a opção mais frequentemente empregada é a realização de estudo com dobutamina. O efeito inotrópico e crono- trópico positivo da dobutamina acarreta aumento do consumo de oxigênio e da pressão arterial, promovendo vasodilatação e aumento do fluxo coronário tal qual o exercício físico. Os territórios irrigados por artérias comprometidas não aumentarão o fluxo na mesma proporção dos territórios sem obstrução, causando heterogeneidade na perfusão, o que refletirá na quantidade de captação do radiotraçador pelos car- diomiócitos. (9) A sensibilidade, especificidade e acu- rácia da cintilografia de perfusão miocár- dica (CPM) para o diagnóstico de doença arterial coronariana (DAC) variam de acordo com a população estudada e com o método de análise utilizado. Em geral, a sensibilidade da CPM é alta, variando de 85% a 95%. Isso significa que a CPM é capaz de detectar com alta probabilidade a presença de DAC em pacientes com sus- peita clínica da doença. A especificidade da CPM é um pouco menor, variando de 65% a 85%. Isso significa que a CPM pode apresentar resultados falsos positivos em pacientes sem DAC. A acurácia da CPM é intermediária, variando de 75% a 90%. (14,18) A principal limitação para a adequada interpretação das imagens cintilográfica é a interferência que partes moles (tecidos da mama ou tecidos subdiafragmáticos mais frequentemente) causam no trajeto dos raios gama, um fenômeno denomina- do de atenuação. A atenuação ocorre pela interação da radiação com estes tecidos e leva à redução da qualidade das imagens e pode reduzir tanto a sensibilidade quanto a especificidade da técnica. Diversas formas de correção da atenuação são empregadas com sucesso na prática clínica para melho- rar a acurácia do exame, como o uso dos raios X para formação de mapas de corre- ção, utilização de aquisições em múltiplas posições (prona ou sentado) e mesmo o uso de correção de atenuação com algoritmos de inteligência artificial. (19-25) USO CLÍNICO DA CINTILOGRAFIA DE PERFUSÃO MIOCÁRDICA A cintilografia de perfusão miocárdica (CPM) é mais frequentemente empregada para o diagnóstico de isquemia miocárdica em pacientes com suspeita de doença arte- rial coronariana, seja em pacientes estáveis ou em pacientes admitidos com suspeitas de doença coronariana instável. Os pacientes com probabilidade intermediária a alta de doença coronariana são os que mais se beneficiam da realização do exame, sendo esta indicação amplamente referendada por diretrizes de sociedades internacionais como a Sociedade Europeia de Cardiologia e a Norte-Americana de Cardiologia. (4,26) Conforme os pacientes apresentam maior probabilidade de doença coronariana, maior o benefício da utilização de uma técnica funcional em relação às técnicas
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