Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023
88 Febre amarela: uma trilha inacabada Terezinha Marta Pereira Pinto Castiñeiras, Luciana Gomes Pedro Brandão, Guilherme Sant'Anna de Lira Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.80-100, jul-set 2023 Dos métodos virológicos, a reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR) é a mais comumente usada com finalidade diagnóstica. Através da RT-PCR é possível detectar o vírus em amostras de sangue, urina ou tecido, dos primeiros 3 a 4 dias até 10 dias de doença, embora possam ocorrer falhas no momento em que os sintomas são mais proeminentes e a hipótese diagnóstica é considerada. (37) Por sua vez, o isolamento viral pode se dar em diferentes linhagens celulares (cé- lulas Vero; C3/36; AP-61), mas representa um risco biológico substancial e só deve ser realizado em laboratórios especializados. Ainda que trabalhoso, o isolamento viral é importante para a caracterização de cepas circulantes, para a produção de reagentes diagnósticos e para a pesquisa. O diagnóstico sorológico pode ser feito com uma semana de infecção com anti- corpos IgG e IgM detectáveis, utilizando ensaio imunoenzimático (ELISA) ou tes- tes de neutralização por redução de placa (PRNT). Contudo, os testes sorológicos apresentam os seus próprios desafios, como a reatividade cruzada com outros flavivírus (por exemplo, Nilo Ocidental ou dengue) e com os anticorpos induzidos por vacinas. (37) Consequentemente, os re- sultados dos testes sorológicos devem ser interpretados com cautela, levando em consideração o contexto epidemiológico e os dados clínicos. Em caso de óbito, o diagnóstico pode ser confirmado em diversos tecidos por testes moleculares e imuno-histoquími- cos. Amostras de tecido hepático e renal sempre devem ser coletadas e, adicional- mente, amostras de baço, coração, pulmão e cérebro podem ser úteis. (36) É importante ressaltar que a detecção precoce da infecção humana pelo VFA em regiões sabidamente endêmicas ou regiões reconhecidamente vulneráveis é funda- mental para controlar a transmissão e mi- tigar os surtos em tempo hábil. 8. ABORDAGEM TERAPÊUTICA Em função da variabilidade da forma de apresentação clínica, dos achados labora- toriais e da presença de sinais de alarme e/ou gravidade, a FA pode ser abordada em três níveis diferentes (Quadro 1) de atenção à saúde: (38,39) Unidades básicas de saúde: para o mane- jo de casos leves, habitualmente aqueles no 2º ou 3º dia após o início dos sinto- mas (grupo A), sem sinais de alarme ou gravidade. Atenção secundária: para pacientes em fase de remissão, com diagnóstico ou suspeita de FA, usualmente no 3 o ou 4 o dia após o início dos sintomas, podendo estar presentes sinais de alarme (grupo B). Unidades de terapia intensiva (UTIs): para manejo de casos graves com com- plicações hepáticas e renais (grupo C).
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