Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

22 Acalasia: diagnóstico e terapêutica Gerson Domingues e Ana Tarasiuk Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.18-37, jul-set 2023 decorrente de tumores do esôfago e da cárdia; anéis; membranas; estenoses esofá- gicas e doenças infiltrativas (como linfoma e esofagite eosinofílica). (5) Os achados endoscópicos dos pacientes portadores de acalasia são muito variá- veis. Nos estágios iniciais da doença, a EDA pode ser normal e, em estágios mais avançados, pode-se evidenciar um esôfago dilatado (megaesôfago), sigmoide (dolico- megaesôfago) e até o alimento retido em seu lúmen, (3) além de uma maior resistên- cia à passagem do aparelho pela junção esôfago-gástrica (JEG). (3) Esofagograma baritado temporizado (EBT) O estudo radiológico do esôfago é um elemento importante na avaliação diag- nóstica desses pacientes. A radiografia simples de tórax já pode trazer alterações suspeitas, como o alargamento do medias- tino, nível de ar/líquido no mediastino e alterações pulmonares sugestivas de as- piração crônica. Porém, é o esofagograma baritado temporizado (EBT) que dá infor- mações mais precisas sobre a anatomia e a fisiologia do esôfago. (6) Neste exame, são administrados cerca de 100ml de contraste baritado ao paciente e, a seguir, são feitas radiografias sequenciais nos minutos 1, 2 e 5 após a ingestão do contraste. (7) Os achados radiológicos típicos são: esôfago dilatado, afilamento na altura da JEG (as- pecto de “bico de pássaro”) e esvaziamento inadequado do bário, que forma um nível de ar com líquido. (6) É válido, contudo, res- saltar que um exame normal não exclui o diagnóstico de acalasia inicial. (6) O EBT pode ter, ainda, valor prognós- tico, predizendo falha terapêutica de uma forma mais objetiva. Rohof e col., (8) em um estudo com 41 pacientes, determinaram que a altura coluna de bário, no minuto 5, maior que 5cm era considerada como esvaziamento incompleto do esôfago, sen- do, portando, um marcador de falência terapêutica. Manometria esofágica O exame considerado padrão ouro para o diagnóstico da acalasia é a manometria esofágica, cujos achados de aperistalse e de relaxamento incompleto ou ausente do EEI, na ausência de obstrução mecânica, confirmam o diagnóstico. (2) Todos os sistemas de manometria esofá- gica têm como objetivo medir a duração e a amplitude dos eventos contráteis do esôfago e de seus esfíncteres. Tais sistemas contêm sensores de pressão em um cateter fino e flexível, que converte a pressão intralu- minal em um sinal elétrico. (1) Este sinal é amplificado, gravado e disposto, como on- das, na manometria esofágica convencional (MEC) ou como contornos topográficos coloridos, na manometria esofágica de alta resolução (MEAR). (1) A MEC dispõe de poucos senso- res, geralmente de 4 a 8, distribuídos

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