Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023
41 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.38-60, jul-set 2023 Vacinação no idoso Ronaldo Rozenbaum variações significativas dos genes que codificam a hemaglutinina: a linhagemVic- toria, representada pelo protótipo vírus B/ Victoria/2/87, e a linhagemYamagata, pelo protótipo B/Yamagata/16/88. As divergên- cias antigênicas entre as duas linhagens do vírus da influenza B são importantes, haja vista que a imunidade de uma linhagem B não confere proteção a outra linhagem B. Dependendo da linhagem B incluída na composição da vacina, esta pode oferecer proteção, ou não. Às vezes, torna-se difícil prever qual das duas linhagens do vírus B circulará na próxima temporada da gripe, o que pode acarretar falta de imunidade pela vacina. Por essa razão, são disponibilizadas vacinas tetravalentes, que contêm duas cepas A, H1N1 e H3N2, e os dois tipos da linhagem do vírus influenza B. O material genético do vírus influenza é fragmentado em 8 segmentos de RNA de fita simples. Para garantir a sua sobre- vivência, o vírus influenza depende de dois importantes mecanismos evolutivos, o drift antigênico e o shift antigênico, os quais permitem a evasão ao sistema imune dos indivíduos infectados e possibilita sua adaptação a novos hospedeiros. (11) Em relação às mutações antigênicas maiores ( shift antigênico), há trocas de mo- léculas na hemaglutinina (HA) e na neura- minidase (NA), causadas por rearranjo de segmentos gênicos; estas alterações mais drásticas no genoma viral podem resultar na emergência de uma nova variante com potencial pandêmico, como ocorreu com o vírus A (H1N1) pdm09. (12) Omecanismo de shift antigênico ocorre somente no vírus influenza A e deve-se ao rearranjo entre os fragmentos gênicos de vírus de origens distintas durante a infecção simultânea de duas partículas virais numamesma célula. (13) Em relação às mutações antigênicas menores ( drift antigênico), elas fazem com que novas cepas escapem da imunidade preexistente e permitam sua disseminação na população, podendo ocasionar uma nova epidemia sazonal. A taxa de mutação é di- ferente para cada gene, sendo que aqueles segmentos que se expressam na superfí- cie do vírus apresentam taxas maiores de mutação do que aqueles que expressam proteínas não estruturais. (14) O drift antigênico, o qual ocorre em ciclos aproximadamente anuais, é respon- sável pelas mutações graduais nas pro- teínas de superfície de ambos os vírus influenza A e B, e levam à necessidade de reformulação anual das vacinas hoje disponíveis. Com esse intuito, a Organi- zação Mundial de Saúde (OMS) coordena uma rede de vigilância epidemiológica na qual amostras do vírus influenza obtidas dos casos de gripe são encaminhadas para os laboratórios de referência dos diversos países para subsidiar a seleção das estir- pes virais para a composição anual desta vacina. A composição antigênica da vacina é selecionada com base na rede de vigilân- cia global dos vírus influenza circulantes obtidos da temporada anterior; portanto pode haver compatibilidade ( match ) ou
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