Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

90 Febre amarela: uma trilha inacabada Terezinha Marta Pereira Pinto Castiñeiras, Luciana Gomes Pedro Brandão, Guilherme Sant'Anna de Lira Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.80-100, jul-set 2023 Para a analgesia e antipirese, recomen- da-se o uso da dipirona, numa dose máxima de 8g/dia. O paracetamol não deve ser usado de forma irrestrita (dose máxima de 2g/ dia) pelo risco de toxicidade hepática e os anti-inflamatórios não esteroidais devem ser evitados, pois aumentam a probabili- dade de sangramentos. Da mesma forma, é prudente evitar sedativos que dependem do metabolismo hepático. Experiências brasileiras recentesmostra- rambenefício do uso profilático de anticon- vulsivantes, uso rotineiro de inibidores da bomba de prótons para proteção de mucosa gástrica, hemodiálise precoce e troca plas- mática de alto volume. (13,43) Medidas adicio- nais, como tratamento de sangramento com plasma fresco congelado, antibioticoterapia para infecções secundárias, e administração de oxigênio suplementar tambémdevem ser consideradas em bases individuais. Para a alta hospitalar, alguns critérios de- vem ser preenchidos: ausência de febre nas últimas 48 a 72 horas; estabilidade clínica sem evidência de sangramento nos últimos 7 dias; normalização de exames laboratoriais, com transaminases abaixo de 1000 U/L e queda independente da bilirrubina. Mesmo após a alta, na fase convalescente, alguns pacientes podem apresentar níveis elevados de aminotransferases e até mesmo sintomas da doença. A incidência de hepatite de início tardio, semanas após o diagnóstico de FA, relatada por múltiplos grupos (44–46) reforça a necessidade demonitoramento ambulatorial nesses pacientes após a alta. 9. MEDIDAS DE INTERESSE COLETIVO NO MANEJO DE CASOS INDIVIDUAIS A FA é doença de notificação compul- sória e de interesse internacional, o que implica notificar imediatamente casos sus- peitos para as autoridades de vigilância. O paciente infectado precisa ser isolado e deve ser protegido da picada do vetor. Contactantes devem ser imunizados ime- diatamente onde houver atividade do vetor. Profissionais de saúde cuidando de pa- cientes infectados e equipes de laboratório manuseando amostras biológicas devem estar adequadamente vacinados contra febre amarela e usar equipamentos de proteção individual adequados. Todas as amostras biológicas (sangue total, soro ou tecido) devem ser consideradas infecciosas. Adicionalmente, no contexto laboratorial, é recomendada a condução dos procedimen- tos em cabines de nível de biossegurança II, além de medidas para evitar exposição percutânea às amostras. Procedimentos para manipulação de amostras de PNH devem ser cuidadosamente avaliadas con- forme regulações nacionais. (36) 10. PREVENÇÃO E ACONSELHAMENTO DE VIAJANTES Todos os viajantes com destino a re- giões endêmicas de febre amarela devem ser aconselhados em relação aos riscos da doença e aos métodos de prevenção,

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