Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

89 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.80-100, jul-set 2023 Febre amarela: uma trilha inacabada Terezinha Marta Pereira Pinto Castiñeiras, Luciana Gomes Pedro Brandão, Guilherme Sant'Anna de Lira Em todos os níveis de atenção, os casos de FA são manejados essencialmente com medidas de suporte e a hospitalização é reservada para casos moderados e graves. (38,40) Alguns tratamentos antivirais para a FA já foram avaliados, como a ribavirina, e mais recentemente o sofosbuvir, (41) mas não demonstraram resposta clínica satisfatória. É possível que melhores resultados possam ser obtidos com fármacos que atuem nas fases iniciais de viremia. (40) Adicionalmente, a utilidade do uso de anticorpo monoclo- nal anti-VFA (TY014) na interrupção da patogênese tem sido estudada, obtendo-se sucesso em estudos de fase Ia e Ib e resul- tados promissores para estudos de fase II. (42) Os cuidados gerais incluem repouso, hidratação e nutrição. Pacientes do grupo A podem receber 60mL/kg/dia de líquidos como expansão volêmica inicial por via oral, ou 30mL/kg/dia de cristaloides (soro fisiológico a 0,9% ou ringer lactato) por via intravenosa caso a via oral não seja tolera- da. Espera-se resolução da desidratação em 24 horas. Caso a evolução seja desfavorável, o paciente é reclassificado no grupo B, in- dicando hospitalização para monitoração hemodinâmica e acompanhamento labo- ratorial de função renal e hepática. Após uma segunda etapa de expansão volêmica sem sucesso, o paciente é reclassifica- do no grupo C, recomendando-se o uso de fármacos vasoativos e a transferência para unidade intensiva. A transferência também pode ser indicada em caso de afundamento do nível de consciência, de piora da dor abdominal e da presença de novos fenômenos hemorrágicos. Quadro 1 Classificação do Nível de Atenção à Saúde de acordo com os achados clínicos e laboratoriais em casos de febre amarela. Achados clínicos Achados laboratoriais Nível de atenção Ausência de sinais de alarme e/ou gravidade AST < 500 U/L Creatinina sérica < 1,3mg/dL Atenção primária (grupo A) Presença de sinais de alarme: Desidratação, vômitos, diarreia, dor abdominal, sangramento leve (epistaxe, gengivorragia, petéquias) 5x LSN < AST ou ALT < 2000 U/L 1,3mg/dL < creatinina sérica < 2,0mg/dL Proteinúria Atenção secundária (grupo B) Presença de sinais de gravidade: Icterícia, oligúria, sonolência, torpor, coma, confusão mental, convulsões, fenômenos hemorrágicos*, taquipneia, hipotensão, sinais de hipoperfusão AST ou ALT > 2000 U/L Creatinina sérica > 2,0mg/dL INR > 1,5 Contagem de plaquetas < 50.000/mm³ Unidades de terapia intensiva (grupo C) AST: aspartato aminotransferase; ALT: alanina aminotransferase; Cr: creatinina; LSN: limite superior da normalidade; INR: razão normalizada internacional. *Fenômenos hemorrágicos: epistaxe, sangramento em sítio de punção, hematêmese, hematúria, melena, hemorragia conjuntival, hipermenorragia, hemoptoicos ou hemoptise.

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