Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023
67 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.61-79, jul-set 2023 Cintilografia de Perfusão Miocárdica: aplicações e avanços recentes Claudio Tinoco Mesquita et al. anatômicas, como a angiotomografia das artérias coronarianas. (26) Uma indicação frequente da cintilogra- fia miocárdica é para avaliar a gravidade e a repercussão funcional da doença co- ronariana. Frequentemente encontramos pacientes com lesões coronarianas ditas intermediárias (entre 40% a 75% de es- tenose) e em quem não temos certeza se causam limitação ao fluxo coronariano e/ ou são a causa dos sintomas dos pacien- tes. Neste caso a cintilografia é muito útil para identificar a causa dos sintomas e correlacionar os achados anatômicos com a sua significância funcional. A re- vascularização miocárdica tem como um dos principais objetivos o alívio da isque- mia miocárdica e com poucas exceções é indicada revascularização de uma área de miocárdio que não está sob risco de isquemia em decorrência de uma lesão limitante do fluxo. (14,27-29) Um dos pontos fortes da CPM é a sua capacidade de estratificar o risco de des- fechos adversos em longo prazo através da quantificação da área de isquemia miocárdica, o que guarda correlação com desfechos em longo prazo. Uma forma comum de expressar a quantificação dos defeitos de perfusão é o mapa polar, que é a representação bidimensional da per- fusão miocárdica. O mapa é dividido em 17 segmentos, organizados em um for- mato de alvo, semelhante a um alvo de dardos. Cada segmento representa uma área específica do coração. A intensidade da coloração do segmento no mapa polar indica a perfusão do músculo cardíaco nessa área. Os segmentos com perfusão normal são mostrados em cores intensas. Os segmentos com perfusão reduzida ou ausente são mostrados em preto e os seg- mentos que têm melhora da perfusão no repouso em relação ao estresse, áreas de isquemia, são destacados em branco (Fi- gura 2). A revascularização precoce de pacientes com mais de 10% de isquemia de acordo com a cintilografia parece ser benéfica, conforme demonstrado em estudo recente com mais de 19 mil pacientes que mostrou associação redução nos eventos cardiovasculares adversos. (30) No estudo randomizado ISCHEMIA os pacientes com áreas de isquemia extensas se benefi- ciaram da realização de revascularização miocárdica, como adjunta ao tratamento clínico, com redução da presença de sin- tomas persistentes e melhora da qualidade de vida. (31) Além da avaliação diagnóstica e prog- nóstica a cintilografia também é utilizada para monitoração do tratamento da doença coronariana, na avaliação pré-operatória, na pesquisa de miocárdio viável e na detec- ção de isquemia em pacientes assintomáti- cos de alto risco, como aqueles com exames demonstrando calcificação significante das artérias coronárias (escore de cálcio > 100) ou lesões obstrutivas em artérias coronárias. A Tabela 1 lista algumas das principais indicações da cintilografia de perfusão miocárdica.
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