Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

47 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.38-60, jul-set 2023 Vacinação no idoso Ronaldo Rozenbaum casos de doença pneumocócica invasiva (DPI) e na colonização pelos sorotipos va- cinais entre as crianças vacinadas, houve um aumento relativo em prevalência de colonização e de DPI por sorotipos não vacinais nos anos subsequentes. (31,32) Outro evento que ocorre é o Switching capsular. Os sorotipos do pneumococo pre- sentes na composição da vacina podem ad- quirir os genes que codificam a síntese da cápsula de um sorotipo não vacinal; assim, ocorre a troca de cápsula que é expressa na superfície da célula bacteriana. (33) Os genes que codificam um tipo capsular, por transformação e recombinação, são tro- cados por genes que codificam outro tipo capsular. Esse mecanismo de troca permite que clones geralmente associados a soro- tipos vacinais persistam após a vacinação, mantendo seu background genético, porém expressando outro sorotipo em sua super- fície, burlando os efeitos da vacinação. (33) Esquema vacinal O objetivo de vacinar o adulto é a pre- venção da doença pneumocócica invasiva, ou seja, da pneumonia bacterêmica, da me- ningite e da pneumonia não bacterêmica. As recomendações e o custo-efetividade destas vacinas podem variar na depen- dência da carga da doença, dos sorotipos mais prevalentes em determinada área geográfica e da disponibilidade no Brasil das novas vacinas ( p.ex. : pneumocócica 20-valente). A vacina contra infecção pneumocó- cica está recomendada, de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para todos os adultos saudáveis acima de 60 anos. Embora o risco de in- fecção pneumocócica aumente a partir dos 50 anos de idade, o Comitê Assessor de Práticas de Imunizações nos EUAmanteve a recomendação da vacina contra infecção pneumocócica a partir dos 65 anos para os adultos saudáveis. Idosos sem vacinação prévia contra infecção pneumocócica Segundo a Sociedade Brasileira de Imu- nizações, nos idosos imunocompetentes vacinados pela primeira vez e com idade acima de 60 anos, recomenda-se iniciar com uma dose da vacina conjugada (VPC15 ou VPC13), seguida de uma dose da vacina polissacarídica (VPP23) 6 a 12 meses após (nos idosos imunocomprometidos e naqueles com implante coclear ou fístula liquórica, esta dose pode ser administrada com inter- valo mínimo de 8 semanas), e uma segunda dose de VPP23 5 anos após a primeira. (34) Segundo o Centers for Disease Control (EUA), nos idosos imunocompetentes, sem implante coclear ou fístula liquórica, vaci- nados pela primeira vez e com idade acima de 65 anos, recomenda-se iniciar com uma dose da VPC20 ou da VPC15. Caso a VPC15 seja utilizada, uma única dose de VPP23 está indicada 12 meses depois (nos idosos imu- nocomprometidos e naqueles com implante

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