Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

64 Cintilografia de Perfusão Miocárdica: aplicações e avanços recentes Claudio Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.61-79, jul-set 2023 fisiológicas. Durante um exercício físico, as demandas de oxigênio e de fluxo sanguíneo no miocárdio aumentam e levam o fluxo coronariano a aumentar algumas vezes em relação ao repouso através de um fenômeno bem regulado de vasodilatação coronaria- na, que é predominantemente mediado na microcirculação. Utilizando radiotraça- dores que se distribuem no miocárdio de forma proporcional ao fluxo sanguíneo, conseguimos determinar e quantificar a extensão da presença de áreas em que há uma incapacidade de vasodilatação ade- quada durante o estresse. O exame nor- malmente ocorre em repouso e em estresse, com a administração de radionuclídeos de perfusão miocárdica, como tecnécio-99m ( 99m Tc) sestamibi ou, menos frequentemen- te, o tálio-201 (Tl-201), por via intravenosa. O fármaco injetado levará à emissão de raios gama em quantidade proporcional à perfusão dos tecidos cardíacos e sua fixa- ção nestes tecidos. Dessa forma, as áreas de menor captação indicam regiões de is- quemia relativa ou absoluta (Figura 1) ou, quando reduzida em repouso e em estresse, indicarão áreas de fibrose miocárdica. A etapa de estresse pode ser realizada através de exercício físico quando possível, porém há a possibilidade de injeção de adenosina, dipiridamol e dobutamina para o estresse farmacológico. O estresse farmacológico quando resultante do uso de vasodilato- res (adenosina ou dipiridamol) raramente causa isquemia miocárdica verdadeira, e é capaz de demonstrar áreas em que a va- sodilatação está comprometida no estresse, pois na presença de lesões coronarianas que limitem o fluxo sanguíneo há uma progressiva vasodilatação em repouso para manutenção da perfusão miocárdica. Quan- do há necessidade de vasodilatação durante o estresse, os mecanismos compensatórios podem estar exauridos e observamos uma heterogeneidade da vasodilatação, que é vista como uma redução da perfusão mio- cárdica regionalmente nas regiões em que há lesões coronarianas obstrutivas. (9) O estresse físico é o método de escolha para a cintilografia miocárdica de estresse, pois fornece informações preciosas que se somam às obtidas pelos achados cintilo- gráficos, como o estado hemodinâmico e a apresentação clínica de sintomas durante o exercício. Geralmente utiliza-se esteira ergométrica para realização do exercício, podendo este ser realizado também com bicicleta ergométrica. Diversos protoco- los podem ser aplicados com o objetivo de aumentar o fluxo sanguíneo coronariano, como o protocolo de Bruce ou o de rampa. Na ausência de contraindicações absolutas ou relativas deve ser a modalidade pre- conizada. O objetivo do estresse sempre deve ser atingir o máximo de esforço que o paciente puder alcançar, sendo limitado por sintomas. Quando o paciente não atinge a frequência cardíaca submáxima (85% da frequência cardíaca máxima prevista para a idade), preconizamos a realização do

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