Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 3 - 2023

23 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.3, p.18-37, jul-set 2023 Acalasia: diagnóstico e terapêutica Gerson Domingues e Ana Tarasiuk longitudinalmente, espaçados entre si por 3cm a 5cm. (1) Algumas sondas com 8 sensores apresentam os 4 longitudinais e mais 4 dispostos radialmente. Esse es- paçamento entre os sensores impede a análise da atividade motora entre eles, levando à formação de “pontos cegos”. (1) Além disso, na avaliação de pacientes com suspeita de acalasia, pode-se observar que, durante a deglutição, há a contração da musculatura longitudinal do esôfago, que promove um encurtamento do órgão e, por conseguinte, o deslocamento ce- fálico dos esfíncteres, que passam a não mais pressionarem os sensores, dando a falsa impressão de relaxamento, conhe- cida como “pseudorrelaxamento”. (1) Por ter poucos sensores, o estudo do esôfago deve ser segmentado, analisando-se, de forma separada, o EEI, o corpo e o EES, o que faz com que a sonda tenha que ser constantemente reposicionada. (1) O conceito de “alta resolução” foi intro- duzido por Ray Clouse, (9) que desenvolveu um cateter com sensores a cada centímetro, totalizando até 36 sensores, o que permitiu, pela primeira vez, um panorama completo da função motora do esôfago, tornando possível a monitoração contínua da pressão intraluminal por toda a extensão do órgão, eliminando os “pontos cegos” de pressão, existentes na MEC. (9) À manometria de alta resolução, Ray Clouse e col. (9) associaram a disposição to- pográfica da pressão (DTP), em um formato tridimensional: no eixo X está a localização anatômica; no Y, o tempo e no Z, a ampli- tude. (9) Após, cores foram atribuídas às pressões, com cores frias corresponden- do a pressões menores e cores quentes, a pressões mais elevadas. Desta forma, a amplitude pressórica foi convertida em um espectro colorimétrico onde pontos isobári- cos têm a mesma cor. (9,10) Por fim, os dados foram plotados em um formato colorido bidimensional, cujo eixo X corresponde ao tempo, o Y à posição anatômica e as cores às pressões. (9,10) A criação deste espectro colorimétrico, também conhecido como “contornos isobáricos” ou “ Clouse plots ”, permitiu a melhor visualização das varia- ções de pressão da contração esofágica, tornando o aprendizado mais intuitivo e prático, tanto para profissionais com expe- riência emmotilidade, como para iniciantes (Figura 1). (11,12) Além disso, Roman e col. (13) realizaram um estudo randomizado no qual 124 pa- cientes foram submetidos à manometria convencional e 123 pacientes foram sub- metidos à topografia de pressão esofágica para determinar a acurácia diagnóstica na disfagia inexplicada. Este estudo re- latou maior rendimento no diagnóstico de acalasia (26% vs 12%) e maior grau de confirmação diagnóstica no acompanha- mento (89% vs 81%) com topografia de pressão esofágica em comparação com a MEC, respectivamente. Da mesma forma, estudos adicionais apoiaram altas taxas de concordância inter e intra-avaliadores para acalasia. (13)

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