Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

19 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.13-24, abr-jun 2023 Doença do Refluxo Gastroesofágico Luiz J. Abrahão Junior fisiopatológicas da DRGE, isto é, aumen- tar a pressão basal do esfíncter inferior reduzindo seus relaxamentos transitórios, melhorar o clareamento esofágico e a resis- tência mucosa, aumentar o esvaziamento gástrico e neutralizar a acidez gástrica, está longe de ser atingido. O tratamento clínico atualmente dispo- nível se baseia na supressão ácida gástrica, tornando o refluxato menos tóxico para a mucosa, o que pode ser atingido empre- gando-se fármacos antissecretores, que incluem os antagonistas H2 e inibidores da bomba de prótons, associados a medidas comportamentais e em situações especiais aos procinéticos. Antiácidos As atuais preparações antiácidas ge- ralmente são compostas da associação en- tre hidróxido de magnésio, hidróxido de alumínio e carbonato de cálcio, existindo também formulações à base de bicarbonato de sódio, sucralfato e alginato. Esta classe de medicamentos promove rápido alívio da pirose, mas com efeito pouco duradouro (30-60 minutos), o que exige frequentes tomadas. Embora mais eficazes que placebo no alívio dos sintomas, (11,12) nenhum estudo demonstrou seremmedicamentos eficazes na cicatrização da esofagite. Seu uso estaria indicado na doença não complicada, sem esofagite, com sintomas leves e infrequentes. Seus principais efeitos colaterais são diarreia, nas formulações que contenham hidróxido de magnésio, e constipação nos antiácidos compostos apenas por hidróxido de alumínio. Procinéticos Os procinéticos atuammelhorando o es- vaziamento gástrico, aumentando a pressão basal do esfíncter inferior e melhorando o clareamento esofágico, efeitos teorica- mente desejáveis no tratamento da DRGE. No entanto, os poucos ensaios clínicos disponíveis empregando isoladamente os procinéticos atualmente disponíveis no tratamento da DRGE demonstraram apenas discreto benefício no alívio dos sintomas, à custa de fortes efeitos colaterais. Representam este grupo a metoclo- pramida, a bromoprida e a domperidona (Tabela 2). A metoclopramida, antagonista dopa- minérgico, foi avaliada no tratamento da DRGE em poucos e pequenos estudos que demonstraram superioridade no controle dos sintomas em relação ao placebo, na dose de 10mg 4 vezes ao dia. (13) Quando compa- rada aos antagonistas H2, foi menos eficaz no controle dos sintomas e cicatrização da esofagite. (14) Sua utilização é limitada pelos seus efeitos colaterais, que incluem sonolência, agitação, sintomas motores, distonia, depressão e discinesia tardia. (15) Domperidona é um antagonista dopa- minérgico que não atravessa a barreira

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