Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

36 Hepatite alcoólica Bernardo da Cruz Junger de Carvalho et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.25-41, abr-jun 2023 Dada a alta prevalência de desnutrição entre pacientes com hepatite associada ao álcool, é essencial avaliar o estado nutri- cional e garantir uma ingesta calórica e proteica adequada. Quando a via oral não é suficiente, as metas usuais para nutrição enteral são de 35kcal a 40kcal/kg/dia, com 1,5g de proteína por quilo por dia. (12) Suplementação de Tiamina (B1) A infusão de glicose está contraindicada em situações de suspeita de baixos níveis de tiamina (como nos alcoólicos). Essa vitamina é utilizada como cofator para o metabolismo da glicose. Logo, a infusão de solução glico- sada esgotaria as já pobres reservas desses pacientes, precipitando a encefalopatia de Wernicke (desorientação, comprometimento da memória, nistagmo e marcha atáxica) muitas vezes confundida com a encefa- lopatia hepática. A administração oral de tiamina pode ser insuficiente ou ineficaz em pacientes com suspeita de depleção grave, má absorção ou encefalopatia deWernicke. É recomendável, portanto, administrar tiamina (200mg a 500mg/dia), de forma lenta, por via intravenosa nos pacientes com HA. Tratamento /prevenção da sepse A infecção em pacientes com HAG é uma das principais causas de mortalidade. Faz-se necessário alto nível de suspeição, com rastreio sistemático e pronto trata- mento adequado das infecções – antes e durante o uso de corticoides. A polêmica em torno da contribuição dos corticosteroides para a suscetibilidade dos pacientes a infecções permanece. A análise dos dados do STOPAH sugere que tais in- fecções estão associadas a umpior resultado com a terapia com prednisolona, ​mesmo quando a infecção parecia ter-se resolvido antes da administração do corticoide. Uma revisão recente propõe recomen- dações diagnósticas e terapêuticas e suge- re estratégias preventivas ou profiláticas aplicáveis à prática clínica no tratamento da hepatite alcoólica grave. (43) Os autores enfatizam a necessidade de instituir pro- filaxia com norfloxacino 400mg/dia em pacientes com ascite e proteína total do líquido ascítico <1,5g/dL. Recomendam um screening ativo semanal de infecções com hemocultura, urinocultura, paracentese e radiografia de tórax nos pacientes sub- metidos à corticoterapia. Apontam para a necessidade de ampliar-se o espectro da antibioticoterapia empírica, levando-se em consideração a presença de sepse grave, a história de internação (ou contato recente com assistência hospitalar) e a prevalência local de bactérias multirresistentes. Se- gundo essa ótica, por exemplo, pacientes admitidos com diagnóstico de peritonite bacteriana espontânea com critérios de sepse grave ou com história de internação recente deveriam ser tratados com pipera- cilina-tazobactam e não com cefalosporinas de terceira geração. Essemesmo trabalho alerta para o fato de que as infecções oportunistas (pneumonia

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