Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

35 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.25-41, abr-jun 2023 Hepatite alcoólica Bernardo da Cruz Junger de Carvalho et al. Pentoxifilina O uso de pentoxifilina baseou-se em um único ensaio que apresentou menores taxas de mortalidade no curto prazo em pacientes tratados com esse medicamento do que nos tratados com placebo (24,5% versus 46,1%). O principal benefício pa- recia estar relacionado a uma redução no número de óbitos atribuídos à síndrome hepatorrenal (SHR): 6 (50%) versus 22 (91,7%) (P = 0,009). (35) Porém um estudo posterior comparando a pentoxifilina com os corticosteroides não demonstrou nenhu- ma diferença na taxa de SHR. O tratamento com corticosteroides foi superior. (36) Duas metanálises não mostraram qual- quer benefício convincente associado à pentoxifilina, embora tenham relatado uma redução na SHR fatal com uso de pentoxifilina. (37,38) No Reino Unido, 1.053 pacientes fo- ram randomizados em quatro grupos de tratamento: prednisolona e pentoxifilina, prednisolona e placebo, pentoxifilina e placebo, ou placebo duplo – no estudo STOPAH. Esse importante estudo con- cluiu que a pentoxifilina não é melhor do que o placebo na HAG. A administração de prednisolona 40mg/dia durante um mês teve, sim, um efeito benéfico sobre a mortalidade a curto prazo, mas não no desfecho a médio ou a longo prazo da HA. Ficou clara a necessidade urgente de um novo tratamento realmente efetivo para a HAG. (39) N-acetilcisteína O tratamento antioxidante com N-ace- tilcisteína (NAC) foi testado em pacientes que receberam prednisolona associada a infusões de elevadas doses de NAC por 5 dias. A mortalidade no 1 o mês foi significa- tivamente menor no grupo recebendo NAC (8% versus 24%). Porémnão houve diferença significativa no 3 o mês (22% versus 34%) e no 6 o mês (27% versus s 38%). Este resultado foi associado a uma menor taxa de infecção nos pacientes tratados com NAC. (40) Há outros estudos emandamento procurando avaliar o papel desse medicamento no tratamento da HA, antes que seja rotineiramente indicado. Nutrição enteral Os alcoólicos geralmente apresentam desnutrição proteico-calórica significativa, sarcopenia, juntamente com deficiências de vitaminas e minerais. A gravidade da desnutrição mostrou-se correlacionada com a gravidade da doença e a sobrevivência. (41) A avaliação do efeito sinérgico dos es- teroides com a nutrição enteral sugeriu que a nutrição enteral intensiva durante 14 dias não estava relacionada a qualquer melhora no resultado para os pacientes tratados com corticosteroides. A tolerância da alimentação com cateter nasoentérico foi baixa, com quase 50% de retirada precoce. A obtenção de uma in- gesta calórica superior a 21,5 kcal/kg/dia foi benéfica, independentemente da via de administração. (42)

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