Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023
84 Tromboembolismo venoso no climatério André Luiz Malavasi Longo de Oliveira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.77-86, abr-jun 2023 receberam estrógeno associado a proges- terona (6,2/1.000 mulheres-ano). (3,13) Essas pacientes tiveram risco quase oito vezes maior de TEV que aquelas entre 50 a 59 anos de idade não usuárias de TRH (RR: 7,46; IC de 95%: 4,32-14,38). (13) A obesidade é um fator de risco comum para TEV. Baseado tanto no ensaio WHI quanto emdados observacionais, um estudo de metanálise mostrou aumento substancial do risco de TEV em mulheres com índice de massa corporal (IMC) acima de 25kg/ m 2 que utilizaram estrogênio por via oral (OR: 5,4; IC de 95%: 2,9-10,0) em compara- ção com não usuárias com IMC abaixo de 25kg/m 2 . (3,10) As trombofilias hereditárias, como o fator V Leiden e a mutação G20210A da protrombina, são fatores de risco bem es- tabelecidos para TEV. De forma geral, uma metanálise mostrou que a presença de uma mutação protrombótica aumenta o risco de TEV em mais de três vezes em mulheres na pós-menopausa (OR: 3,3; IC de 95%: 2,6-4,1). A combinação entre mu- tações trombogênicas e uso de estrógeno por via oral eleva o risco de TEV (OR: 8,0; IC de 95%: 5,4-11,9) em comparação ao das mulheres sem essas mutações e que não utilizam estrógeno. Todavia, não houve diferença significativa no risco de TEV em mulheres com fator V Leiden ou commuta- ção G20210A da protrombina que usaram estrógeno transdérmico, nem naquelas com tais mutações que não utilizaram estrógeno transdérmico. (3,10) As mulheres com história pessoal de TEV são consideradas de alto risco e não são candidatas à TRH com estrogênio por via oral. (3) CONSIDERAÇÕES FINAIS A TRH é o tratamento mais efetivo para os sintomas climatéricos associados com a queda estrogênica após a menopausa e deve ser recomendada na mais baixa dose de estrógeno e pelo menor período possível, quando o risco-benefício individual é fa- vorável. Todavia, apesar de ser apropriada para o manejo desses sintomas, os dados atuais não suportam seu uso para preven- ção primária ou secundária de doenças cardiovasculares. (3,6) Como o risco de embo- lia pulmonar representa a principal causa de eventos fatais atribuídos à TRH entre mulheres na pós-menopausa com idades entre 50 a 59 anos, a redução do risco de TEV parece uma estratégia relevante para melhorar a sua relação de risco-benefício. (3) Os conhecimentos atuais sugerem que o estrógeno transdérmico isolado ou combi- nado com progesterona micronizada é uma opção segura, especialmente para mulheres com alto risco de TEV. (3) A maioria das diretrizes internacionais, inclusive a da Sociedade Norte-Americana de Menopausa e a da Sociedade Europeia de Menopausa e Andropausa, recomenda a administra- ção de estrogênio transdérmico isolado ou combinado com progesterona micronizada para mulheres com alto risco de TEV. (3,31,32)
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