Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

21 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.13-24, abr-jun 2023 Doença do Refluxo Gastroesofágico Luiz J. Abrahão Junior o uso de ranitidina injetável e interações medicamentosas com a cimetidina e em menor grau com a ranitidina, pela indução do citocromo P450 (efeitos que não ocorrem com a nizatidina e famotidina), elevando os níveis séricos de fenitoína, procainamida, teofilina e varfarina, por exemplo. (21) Taquifilaxia ou tolerância foi demonstra- da em vários estudos, podendo ocorrer após a segunda semana de tratamento, reduzindo a eficácia destes medicamentos no controle da DRGE a longo prazo. (22) A ranitidina teve sua comercialização suspensa em 2020 por contaminação com nitrosaminas. Inibidores da Bomba de Prótons Representam potentes antissecretores disponíveis para o tratamento da DRGE, atingindo alívio sintomático e cicatrização da esofagite em 85% a 95% dos casos, o que é superior ao desempenho dos anta- gonistas H2. (23) Seu potente efeito antissecretor se jus- tifica por atuar bloqueando a via final da secreção ácida, isto é, a enzima H + /K + ATPase, localizada na membrana apical da célula parietal. São ingeridos como pró-drogas, que sofrem ativação após a acidificação do pH do canalículo secretor durante a ativação da célula parietal, à qual se liga irreversi- velmente. Portanto, devem ser administra- dos preferencialmente antes das refeições, quando atingirão níveis séricos que coinci- dirão com a ativação das células parietais. Se for necessário o uso de dose dupla, a segunda dose deve ser administrada antes do jantar em vez de ao deitar. Todas as formulações disponíveis de- monstram eficácia similar no controle dos sintomas e de cicatrização da esofagite, com algumas diferenças farmacológicas, entre elas interações medicamentosas ou tempo para início de ação. (24) Todos os representantes desta classe de medicamentos podem apresentar, quando administrados em dose única matinal, um fenômeno chamado escape ácido noturno, em que ocorre recuperação da secreção áci- da (pH <4 por pelo menos 1 hora contínua) no período noturno. O significado clínico para este fenômeno permanece desconhe- cido, tendo sido superestimado por alguns autores, já que apenas 15% dos pacientes que apresentam este fenômeno apresen- tarão refluxo esofágico. (25) Este fenômeno talvez seja importante em pacientes com DRGE grave/complicada ou naqueles com esôfago de Barrett, sendo controlado com a adição de uma dose noturna de antagonista H2 ou do próprio IBP. Outro fenômeno raro descrito nos IBPs é o de resistência, que representa uma rea- ção idiossincrásica capaz de reduzir seu poder antissecretor. Esta condição deve ser considerada em pacientes que falham no controle sintomático e de cicatrização mesmo após atingir o máximo na hierarquia antissecretora, tendo sido excluído o escape ácido noturno, e que pode ser solucionada com a troca do IBP. (25)

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