Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

82 Tromboembolismo venoso no climatério André Luiz Malavasi Longo de Oliveira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.77-86, abr-jun 2023 O ESTHER (Estrogen and Throm- boembolism Risk study), estudo francês multicêntrico, reportou pela primeira vez que o emprego de estrógeno oral, mas não o do transdérmico, aumentava o risco de TEV em mulheres na pós-menopausa (OR: 3,5; IC de 95%: 1,8-6,8 vs OR: 0,9; IC de 95%: 0,5-1,6). (21) Dados posteriores do ESTHER confirmaram que o estrógeno transdérmico foi mais seguro que o es- trógeno oral em relação ao risco de TEV (OR: 0,9; IC de 95%: 0,4-2,1 vs OR: 4,2; IC de 95%: 1,5-11,6; p <0,001). (21) O E3N (Étude Epidémiologique de l’Education Nationale) foi um ensaio fran- cês com coorte prospectiva que incluiu 80.000 mulheres na pós-menopausa e sem contraindicação para uso de TRH. Neste estudo, ocorreram aproximadamente 600 casos de TEV, confirmados por imagem. (22) Os resultados mostraram que o emprego de estrógeno oral, mas não o do transdérmico isolado, associou-se com elevação do risco de TEV (OR: 1,7; IC de 95%: 1,1-2,8 vs OR: 1,1; IC de 95%: 0,8-1,8; p <0,001). (22) O GPRD (United Kingdom’s General Practice Research Database) foi um estudo de coorte do Reino Unido que incluiu mais de 20.000 casos de primeiro episódio de TEV comparados com aproximadamente 230.000 controles. (23) Os resultados con- firmaram aumento no risco de TEV entre as usuárias de estrógeno por via oral (OR: 1,49; IC de 95%: 1,37-1,63), mas não entre as de estrógeno transdérmico (OR: 1,01; IC de 95%: 0,89-1,16). (23) O MWS (Million Women Study) foi um estudo populacional prospectivo que recru- tou 1,3 milhão de mulheres no Reino Unido com a ajuda do Sistema Público de Saúde. (24) A base de dados foi de 3,3 milhões de mulheres-ano, com 2.200 mulheres com TEV na pós-menopausa. Ao contrário do que se verificou com a administração de estrógenos por via oral, não se observou aumento do risco de TEV nas usuárias de estrógeno transdérmico isolado, em com- paração com as não usuárias (RR: 0,82; IC de 95%: 0,64-1,06). (24) OMEGA (Multiple Environmental and Genetic Assessment of Risk Factors for Venous Thrombosis case-control study) incluiu 2.550 mulheres acima de 50 anos de idade, das quais 1.082 com primeiro epi- sódio de TEV e 1.468 controles. (25) O uso de estrógeno oral, mas não o do transdérmico, elevou o risco de TEV (OR: 1,7; IC de 95%: 1,1-2,5 vs OR: 1,1; IC de 95%: 0,6-1,8). Entre 26 usuárias de estrógeno transdérmico com TEV, houve apenas dois casos de TEV nas que utilizaram adesivos contendo acetato de noretisterona. (25) De forma geral, as informações atuais baseadas em estudos observacionais mos- tram consistência de que não há associação entre o risco de TEV e o uso isolado de estrógeno transdérmico. Apesar de ensaios clínicos estarem sujeitos a distorções, a evidência epidemiológica sugere fortemente que o emprego de estrógeno transdérmico é seguro quanto ao risco de TEV. (3)

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