Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 2 - 2023

75 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.2, p.55-76, abr-jun 2023 Heterogeneidade da Síndrome de Sjögren: Estado da arte para a prática clínica Mirhelen Mendes de Abreu 11. O aleitamento materno deve ser incen- tivado. Não há contraindicação pela doença. PERSPECTIVAS FUTURAS Publicações recentes têm investigado novos e potenciais alvos terapêuticos para tratar o paciente com SS, tanto in vitro como emmodelos animais da doença. (10,11) Os efei- tos imunomoduladores das células-tronco mesenquimais (CTM) permanecem uma das áreas mais intensamente exploradas dos últimos anos. A infusão de CTMhuma- nas isoladas de glândulas labiais saudáveis ou cordão umbilical em camundongos não obesos-diabéticos (NOD) parece melhorar a secreção salivar, a diferenciação de cé- lulas T reguladoras (Treg) e a produção de IL-10 por células T, enquanto reduz o infiltrado inflamatório nas glândulas salivares, a diferenciação de células T hel- per 17 (Th17) e também a quantidade de autoanticorpos circulantes anti-Ro/SSA e anti- α -fodrin. (13) Estratégias de vacinação com interferon parecem promover melhoria do fluxo salivar e da atividade doença por reduzir o infiltrado glandular em modelos de camundongos de SS. (14) A eficácia da hidroxicloroquina tem sido confirmada por ensaios clínicos tanto pela sua eficácia para o tratamento das mani- festações cutâneas, assim como por ser importante agente poupador de esteroides. (13) Em ensaios recentes, ianalumabe, um inibidor do receptor BAFF, e iguratimode, um inibidor da atividade doNF-kB, parecem melhorar a atividade da doença na fase IIb. Quanto ao cuidado, novos indicadores compostos precisam ser validados em en- saios prospectivos para melhorar o recru- tamento de pacientes em ensaios clínicos e o manejo da doença. CONSIDERAÇÕES FINAIS Síndrome de Sjögren é uma doença multissistêmica de natureza autoimune. A etiologia e muitos aspectos da patogênese da síndrome de Sjögren ainda são indefinidos. Vários fatores, como predisposição genética e gatilhos ambientais, influenciam a evolu- ção da SS. Somente após o surgimento de danos irreversíveis aos órgãos, resultando em sintomas clínicos, o diagnóstico pode ser estabelecido. Portanto, a condução do seu manejo clínico e terapêutico é uma prer- rogativa do reumatologista, especialidade destacada por identificar e interpretar a convergência de múltiplas síndromes clí- nicas em uma (ou mais de uma) entidade nosológica de natureza autoimune. É nesta perspectiva que o cuidado multidiscipli- nar e multiprofissional do paciente com síndrome de Sjögren se fundamenta. Alia- das à identificação das síndromes clínicas superpostas, as medidas propedêuticas e intervenções medicamentosas estão em franca evolução, o que requer treinamento em serviço profundo e educação continuada permanente a fim de garantir a qualidade da assistência de que o paciente necessita.

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