Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

58 Abordagem clínica nas lombalgias: uma revisão narrativa Mirhelen Mendes de Abreu Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.42-60, jan-mar 2023 parte do tratamento da dor lombar aguda. Emprego de uma equipe multidisciplinar de reabilitação foi aprovado por 9 das 11 diretrizes para dor lombar crônica. Opções de tratamento farmacológico (4-6,12) Os tratamentos farmacológicos podem ser ideais para os doentes com múltiplas áreas de dor e dor lombar com múltiplos fatores associados, para indivíduos aves- sos a procedimentos ou com alto risco de complicações, e para indivíduos com dor nociplásica. Segundo diretrizes do Colégio Ameri- cano de Medicina, 104 recomendações de tratamento farmacológico para dor lombar aguda ou subaguda deve começar com fármacos anti-inflamatórios não esteroi- dais (AINEs) ou com relaxantes muscu- lares (estes com qualidade de evidência moderada). Não existe consenso sobre a duração do tratamento. No entanto, o uso parcimonioso de AINEs é aconselhado, visto as preocupações com eventos adversos gastrointestinais e cardiovasculares. De acordo com as diretrizes do Colégio Americano de Medicina, o uso do tramadol ou da duloxetina como tratamento de se- gunda linha e opiáceos como o tratamento de última linha podem ser utilizados como opções subsequentes para o tratamento da lombalgia crônica. O Instituto Nacional de Excelência em Cuidades de Saúde (NICE, por sua sigla em inglês) recomenda não usar rotineiramente opiáceos para a dor lombar aguda e contraindica o seu uso para o tra- tamento da lombalgia crônica. O potencial aditivo de opioides juntamente com uma in- finidade de efeitos colaterais levaramvárias organizações a recomendar apenas para dor lombar refratária a outros tratamentos. Os gabapentinoides são recomendados pela maioria das organizações para o tra- tamento da dor neuropática; no entanto, uma revisão sistemática não encontrou evidências sólidas que apoiassem o seu uso para dor lombar crônica com ou sem dor radicular. Antidepressivos tricíclicos também são usados no tratamento da dor neuropática, e a duloxetina, um inibidor da recaptação da serotonina-noradrena- lina, foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para dor musculosquelética, incluindo dor lombar. Uma revisão sistemática realizada por Chou e colegas (16) aponta que a duloxetina, mas não antidepressivos tricíclicos e gabapenti- noides para lombalgia crônica, pode trazer benefícios no controle da dor. Contudo, a evidência de duloxetina para radiculopatia lombossacral foi indeterminada. Procedimentos não cirúrgicos Existe uma grande variabilidade geo- gráfica e profissional para o uso de pro- cedimentos para tratar a lombalgia e estu- dos mostraram correlações positivas entre diagnóstico por imagem, injeções e taxas de cirurgia. (4-6,12,13) Dados os riscos e duração finita do benefício das intervenções, os

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2