Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

30 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 devido ao efeito tóxico deste sobre o pân- creas e a cessar o tabagismo. O fumo é considerado fator de risco para câncer pancreático e pancreatite, estando ainda relacionado a uma maior probabilidade de redução da função exócrina pancreática. (24,25) Como a ingestão de alimentos ricos em fibras parece inibir a atividade da lipase emmais de 50%, uma redução no consumo de fibras é considerada benéfica na IEP. (26) Reposição oral de lipase A reposição oral de enzimas pancreá- ticas é o alicerce do tratamento da IEP, que tem por meta fornecer concentração enzimática suficiente para que, ao alcançar o duodeno simultaneamente ao alimento ingerido, possa otimizar a digestão deste e favorecer a absorção dos nutrientes. Os extratos pancreáticos encontram-se comercialmente disponíveis sob a forma de pó, drágeas, cápsulas normais e cáp- sulas com minimicroesferas. A melhor forma de apresentação é a que contém minimicroesferas, pois são gastrorresis- tentes, impedindo a inativação das enzi- mas pela secreção ácida gástrica. Devem ser administradas junto às refeições, em quantidade necessária para compensar a secreção pancreática insuficiente, que em um indivíduo adulto considera-se em torno de 50.000 UI para as refeições principais e 25.000 UI para lanches. Em caso de manutenção da má ab- sorção, após garantir a adesão e tomada correta do suplemento enzimático, pode-se dobrar a dose do mesmo. Caso a resposta inadequada à terapêutica persista, reco- menda-se a adição de inibidor de bomba de próton, a fim de garantir a supressão ácida. Se a reposição enzimática permane- ce ineficaz, revisar o diagnóstico de IEP e considerar a hipótese de supercrescimento bacteriano de delgado se faz imprescin- dível (Figura 3). Figura 3 Manejo da terapia de reposição de enzimas pancreáticas. Traduzido e adaptado da referência 27. Minimicroesferas de pancreatina com revestimento ácido-resistente (50.000 UI/ refeição principal e 25.000 UI/lanche) Verificar adesão ao tratamento Aumentar a dose em 100% e checar momento de administração Garantir adequada supressão ácida com adição de IBP e conferir fatores nutricionais Reconsiderar o diagnóstico de IEP Supressão ácida é eficaz? Investigar a presença de doença celíaca Supercrescimento bacteriano? Usar fórmula alternativa/substituir gorduras da dieta por triglicerídeos de cadeia média Insucesso Insucesso Insucesso Insucesso Insucesso

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