Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

35 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza se tornaria vulnerável aos “ multiple hits ”, levando à lesão hepatocelular, inflamação e fibrose, que podem evoluir para cirrose e carcinoma hepatocelular. Diagnóstico Para o diagnóstico de DHGNA, segundo o consenso da Associação Americana para o Estudo das Doenças do Fígado (em inglês, AASLD), deve-se excluir as seguintes con- dições: história de ingesta alcoólica >20g/ dia, causas nutricionais (p.ex. , nutrição pa- renteral e rápida perda de peso), alterações metabólicas (desordens do armazenamento de glicogênio), hepatite crônica (especial- mente a hepatite C, genótipo 3), outras causas de doença hepática crônica ( p.ex ., doenças autoimunes do fígado, doença de Wilson, hemocromatose) e doenças endó- crinas, como síndrome do ovário policístico, hipopituitarismo e hipotireoidismo. Vários são os medicamentos (p.ex ., glicocorticoides, estrogênio sintético, amiodarona, meto- trexato e fármacos antirretrovirais) que podem contribuir para a esteatose hepática, e seu uso deve também ser pesquisado. A biópsia hepática é considerada padrão ouro na identificação das diferentes formas de apresentação da doença. As limitações para o seu uso rotineiro incluem a alta prevalência da DHGNA em nossa popu- lação, erro de amostragem, morbidade e mortalidade relacionadas ao procedimento. Métodos não invasivos foram então desen- volvidos e vêm sendo utilizados na prática diária com grande sucesso, em alternativa à biópsia hepática, ficando esta restrita a algumas situações, como dúvida diagnós- tica ou para avaliação prognóstica. O ultrassom representa o método mais prático e simples, sendo de fácil realização. No entanto, possui como desvantagens o fato de ser operador dependente e de detec- tar a esteatose apenas quando esta excede os 30%. Para esteatoses menos intensas (5% a 30%), a ressonância nuclear magnética possui maior sensibilidade. A elastografia hepática transitória (EHT) avalia, através de vibrações con- troladas, à semelhança do ultrassom, a elasticidade do tecido hepático, fornecendo uma estimativa para o grau de fibrose. É método não invasivo, rápido, livre de radiação ionizante e bastante sensível, permitindo a detecção da esteatose em sua fase inicial (quando em torno de 5%). Em relação aos testes séricos, estes podem ser classificados como diretos, rela- cionados à síntese e degradação da matriz extracelular (p.ex. , colágenos, laminina, ácido hialurônico, metaloproteinases, ci- toqueratina-18 ou CK-18) e indiretos, re- presentados por alterações bioquímicas de transaminases, gama-GT, plaquetas, albu- mina e pela presença de DM. A determina- ção sérica da CK-18, marcador que avalia a apoptose hepática, tem sido utilizada para detectar a presença de esteato-hepatite em pacientes com DHGNA, com uma sensibi- lidade de 78% e especificidade de 87%. (41,42) A associação de testes bioquímicos com

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