Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

21 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza como estenose péptica e esôfago de Barrett. Esofagite erosiva (EE) foi encontrada com mais frequência (66,7%) nos pacientes dia- béticos comneuropatia quando comparados àqueles sem neuropatia (33,3%). (4) A impedâncio-pHmetria represen- ta o novo padrão ouro para o diagnós- tico de DRGE, à medida que possibili- ta uma detecção mais apurada e melhor caracterização das naturezas física e química do ref luxato, permitindo cor- relação mais precisa com sintomas. A ocorrência da DRGE foi inversamente relacionada ao controle glicêmico, e a me- lhora deste pode aliviar os sintomas asso- ciados à dismotilidade esofágica e refluxo. O manejo da doença do refluxo tem por objetivos abolir ou reduzir a frequência dos sintomas, cicatrizar as lesões da mucosa esofágica e prevenir o desenvolvimento de complicações. Vários fármacos podem ser utilizadas para seu tratamento, sendo a primeira escolha os inibidores de bomba de prótons (IBP) em dose plena, durante 6 a 12 semanas. Caso não se atinja o controle dos sintomas, a dose deve ser dobrada por mais 12 semanas e, na presença de sintomas atípicos, o tratamento deve ser prolongado. Pacientes também devem ser orientados a ingerir líquidos logo após tomar medica- mentos, a fim de evitar esofagite induzida por pílulas. Gastroparesia Gastroparesia é uma síndrome clí- nica que se caracteriza pelo retardo no esvaziamento gástrico na ausência de obstrução mecânica. Seus principais sin- tomas incluem plenitude pós-prandial, saciedade precoce, náusea, vômitos, dor e distensão abdominal. Possui múltiplas etiologias, podendo surgir como compli- cação pós-cirúrgica, principalmente em cirurgias bariátricas por bypass e fun- doplicaturas para tratamento da DRGE, em concomitância com a progressão de doenças neurológicas ou reumatológicas, a exemplo da doença de Parkinson, ami- loidose e esclerodermia, como síndrome paraneoplásica, em consequência do mau controle glicêmico no diabetes mellitus , ou mesmo de causa idiopática (possivelmen- te ocorrendo após uma infecção viral). O termo “gastroparesia diabeticorum” foi introduzido em 1958 por Kassander, (5) para designar o esvaziamento gástrico lentificado exibido pelos pacientes dia- béticos e observado por meio de estudos baritados. Nos dias atuais, a prevalência da gastroparesia varia de acordo com os métodos diagnósticos empregados, no en- tanto pode ser encontrada em pelo menos 65% dos pacientes com DM1 e 30% nos portadores de DM2. Náusea e vômitos foram os sintomas mais reportados pelos pacientes, sendo referidos em 96% e 80%, respectivamente. (6,7) Além da importante redução na qua- lidade de vida de seus portadores, a gas- troparesia diabética também se associa a prejuízos nutricionais. Em um gran- de estudo realizado, constatou-se que os

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