Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 2 - número 1 - 2023

18 Manejo das complicações gastroenterológicas no paciente diabético José Galvão-Alves e Bruna Cerbino de Souza Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.16-41, jan-mar 2023 zinco (Znt). Tais marcadores podem ser detectados no sangue meses ou anos antes do diagnóstico da doença, ou seja, em sua fase pré-clínica, e em até 90%dos pacientes quando se identifica hiperglicemia. A fisiopatologia do DM tipo 1A com- preende fatores genéticos e ambientais. Trata-se de condição poligênica, na maioria dos casos, sendo os principais genes envol- vidos localizados no sistema do antígeno leucocitário humano (HLA) classe II. Esses alelos podem ocasionar o desenvolvimento da doença ou proteger o organismo contra ela. Entre os fatores ambientais poten- ciais para o estímulo da autoimunidade em indivíduos geneticamente predispostos pode-se citar as infecções virais, fatores nutricionais (p. ex., introdução precoce de leite de vaca) e deficiência de vitamina D. A taxa de destruição das células beta é variável, sendo comumente mais rápida em crianças. Já a forma lentamente progressiva se manifesta principalmente em adultos, a qual se denomina diabetes autoimune latente do adulto (LADA, do inglês latent autoimmune diabetes in adults ). A forma 1B é referida como idiopática e caracteriza-se pela ausência dos marca- dores de autoimunidade e não associação a haplótipos do sistema HLA. Os indivíduos acometidos por esse tipo de DM podem apresentar cetoacidose, além de graus va- riáveis de deficiência de insulina. A forma mais comum, identificada em 90% a 95% dos casos, é a DM2, a qual se caracteriza por defeitos na ação e secreção de insulina e na regulação da produção hepática de glicose. Resulta da interação entre fatores genéticos e ambientais, como sedentarismo, dietas ricas em gorduras e envelhecimento. A resistência insulínica e o defeito na função das células beta estão presentes precocemente, desde a fase pré- -clínica. Grande parte dos pacientes com esse tipo de DMapresenta-se com sobrepeso ou obesidade, possui idade acima de 40 anos e raramente desenvolve cetoacidose espontaneamente, ocorrendo quando asso- ciada a outras situações, como infecções. Não há indicadores sorológicos específicos para o DM2. Porém, apesar de seus porta- dores não dependerem de insulina exógena para sobreviver, podem ter seu tratamento otimizado visto a possibilidade de obterem um adequado controle glicêmico. O diabetes gestacional compreende qualquer intolerância à glicose cujo início ou diagnóstico ocorra durante a gestação e se relaciona tanto à resistência insulínica quanto à diminuição da função das células beta. Na maioria dos casos, há reversão para a tolerância normal após a gravidez, no entanto o risco para o desenvolvimento de DM2 é de 10% a 63% dentro de 5 a 16 anos após o parto. (2) Em relação aos outros tipos de diabetes, as formas de apresentação clínica deste grupo são as mais variadas e dependem principalmente da alteração de base. Estão incluídos nesta categoria defeitos genéti- cos na função das células beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do

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