Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022
47 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.45-54, out-dez 2022 Mediólise Arterial Segmentar – revisão da literatura e relato de casos Pedro Guido Sartori et al. intervenção emergencial. Para os casos candidatos ao tratamento clínico, alguns autores defendem um controle rigoroso da pressão arterial, antiagregação e anticoa- gulação, embora não haja dados robustos para embasar esta conduta. (4,8,10-12) O fato é que, assim como nas dissecções viscerais ditas espontâneas, muitos casos de dissec- ção cursam com boa resposta ao tratamen- to conservador. O uso de antiagregantes e anticoagulantes visa prevenir oclusão trombótica da luz verdadeira, enquan- to o controle pressórico reduz o estresse parietal e previne a evolução da lesão. (8,13) Corticosteroides não são recomendados, tendo em vista a natureza não inflamatória da doença. (10) Passado o manejo inicial, pacientes que evoluem com complicações como progressão da dissecção, sofrimento de órgão-alvo e dor de difícil controle são candidatos ao tratamento intervencionista, assim como aqueles com dilatações aneurismáticas im- portantes. As diretrizes de 2020 da Society of Vascular Surgery recomendam reparo de todos os aneurismas viscerais sinto- máticos; aneurismas renais e esplênicos em mulheres de idade fértil ou maiores de 3cm de diâmetro; hepáticos, celíacos e de ramos jejunoileais maiores que 2cm e todos aqueles acometendo a artéria mesentérica superior, gástricas, gastromental, pancrea- toduodenal, gastroduodenal ou cólicas. (14) Apenas 20% a 28% apresentam pro- gressão das lesões ou o aparecimento de novas dissecções, dilatação do falso lúmen preexistente ou mesmo novos aneurismas, passada a apresentação inicial. Os demais pacientes cursam com estabilidade (43% a 44%), um misto de estabilidade e re- gressão (18%) ou até resolução completa das lesões ao longo do acompanhamento (18% a 22%). (8) Os critérios diagnósticos não invasivos propostos por Kalva et al. estão apresen- tados na Tabela 1: (9) Tabela 1 Critérios diagnósticos clínico-radiológicos. (9) Critérios Clínicos Ausência de predisposição congênita para dissecções (Ehlers-Danlos, Marfan, Loeys-Dietz etc.) Ausência de diagnósticos mais comuns como displasia fibromuscular, vasculites, desordens do colágeno Apresentação aguda como dor abdominal, dor torácica, hipotensão, hematúria, acidente vascular cerebral Apresentação crônica como dor abdominal, hipertensão, hematúria ou até sem sintomas Critérios de Imagem Presença de dissecção arterial, aneurisma fusiforme, oclusão, colar de contas ou espessamento da parede de artérias viscerais, com ou sem infarto do órgão Ausência de dissecção aórtica contígua ou aterosclerose Critério Sorológico Ausência de marcadores inflamatórios como anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA), fator antinuclear (FAN), C3, C4
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