Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

23 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.13-30, out-dez 2022 Lúpus Eritematoso Sistêmico: o que o clínico precisa saber Mirhelen Mendes de Abreu Em linhas gerais, metas terapêuticas para o cuidado da nefrite lúpica incluem a redução da proteinúria em ≥25% com taxa de filtração glomerular estável (TFG; ±10% do valor da linha de base) nos primeiros 3 meses após iniciação do tratamento; redu- ção em ≥50% da proteinúria em 6 meses; e <0,5 a 0,7g da proteinúria de 24 horas entre 12 a 24 meses (todos mantendo TFG estável). A combinação de micofenolato com inibidores da calcineurina ou ciclofosfa- mida de alta dose é um regime alternativo para pacientes com proteinúria em níveis nefróticos e com fatores prognósticos ad- versos, respectivamente. É recomendado manutenção subsequen- te à fase de indução por longo prazo com micofenolato ou azatioprina. A necessidade de minimizar a exposição do paciente a glicocorticoides tem recebido mais atenção; seguindo a pulsoterapia parenteral com metilprednisolona, recomenda-se manter dose de prednisona entre 0,3mg a 0,5mg/ dia, com descontinuação progressiva para ≤7,5mg/dia por 3 a 6 meses. Tratamento em crianças segue os mesmos princípios da doença adulta. (18) 2. Lúpus neuropsiquiátrico: mecanismo trombótico ou inflamatório? Eventos neuropsiquiátricos são di- versos e ocorrem mais frequentemente por ocasião do diagnóstico da doença. (18) Entre eles, convulsões, eventos cerebro- vasculares e disfunção cognitiva são os pode ser considerado, sobretudo em doença refratária com acometimento de órgãos, ameaçadores à vida. A seguir, uma breve explanação sobre aspectos específicos do tratamento será fornecida. Esta abordagem também inclui a avaliação do estado global de saúde e do risco para eventos infec- ciosos, cardiovasculares, tendo em vista estratégias preventivas a serem ajustadas no seguimento desses pacientes. Considerações especiais 1. Nefrite Lúpica A nefrite lúpica (NL) é uma das princi- pais causas de morbidade, de custo direto e de mortalidade em pacientes com lúpus. O risco ao longo da vida para NL grave é aproximadamente 20%, embora relatos mais antigos possam ter superestimado essas taxas. Pacientes mais jovens, especial- mente masculinos, aqueles com sorologia ativa ou com atividade de doença não renal de moderada a grave estão sob maior risco de desenvolver envolvimento renal. (17) Em referência a achados histológicos, fortes preditores para progressão de doen- ça renal para doença renal crônica (DRC) incluem a presença de extensa fibrose intersticial, atrofia tubular e crescentes. A taxa de sobrevivência da DRC aumentou de 80% para 90% nos últimos 20 anos, fato atribuído principalmente a biópsias seria- das de acordo com a indicação clínica e à pronta intervenção com terapia imunossu- pressora apropriada.

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