Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

82 Microbioma e doença pulmonar obstrutiva crônica Hisbello da Silva Campos Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.74-85, out-dez 2022 quando as amostras são coletadas em pe- ríodos de emprego de intervenções anti- -infecciosas. Aumentando a dificuldade da análise, deve-se lembrar que as técnicas de DNA não permitem a identificação das espécies presentes, apenas a concentração de material genético. Uma das funções da Ciência é superar obstáculos. O progresso no desenvolvimento das ciências ômicas permitindo estudos em grupos de doentes fenotipicamente se- lecionados com rigor metodológico (ran- domizados de acordo com a evolução da doença ao longo do tempo, as diferentes estações do ano, se exacerbadores frequen- tes ou ocasionais, se vacinados ou não, se fumantes ou não, com hábitos de vida e dietéticos, exposições ambientais, uso de fármacos, etc.) poderá trazer as respostas necessárias às perguntas sobre os efeitos do microbioma na patogênese e progressão da DPOC. De posse das respostas, novas abordagens terapêuticas personalizadas poderão ser desenvolvidas. Entretanto, muitos são os obstáculos para os estudos nessa área. Está patente, por exemplo, que os diferentes compartimen- tos pulmonares têm microbiotas distintas, tanto em termos de abundância como de composição. Dessa forma, a escolha do com- partimento de onde será retirada a amostra a ser estudada e como obter a amostra sem contaminá-la nas vias aéreas superiores são aspectos relevantes que podem com- prometer a análise. Coletar as amostras por broncoscopia é superior ao escarro, já que previne a passagem/contaminação da amostra no percurso até o frasco de coleta. Entretanto, a coleta das amostras por broncoscopia não pode ser feita com segurança em doentes graves, durante exacerbações graves ou repetidamente em estudos longitudinais. Outro obstáculo diz respeito às técnicas moleculares de análise do DNA bacteriano que facilitam a quantificação da abundân- cia e dificultam o cultivo, não permitindo discernir entre bactérias viáveis e mortas, REFERÊNCIAS 1. Flandroy L, Poutahidis T, Berg G et cols. The impact of human activities and lifestyles on the interlinked microbiota and health of humans and of ecosystems. Science of the total environment 2018;627:1019-38. 2. Ursell LK, Metcalf JL, Parfrey LW, Knight R. Defining the human microbiome. Nutr Rev 2012;70(1):S38-S44. 3. Pflughoeft KJ, Versalovic J. Human microbiome in health and disease. Annu Rev Pathol 2012; 7:99-122. 4. Albenberg LG & Wu GD. Diet and the intestinal microbiome: associations, functions, and implications for health and disease. Gastroenterology 146, 1564-1572 (2014). 5. Johnson CL, Versalovic J. The human microbiome and its potential importance to pediatrics. Pediatrics 2012;129(5):950-960. 6. Modi SR, Collins JJ & Relman DA. Antibiotics and the gut microbiota. J. Clin. Invest 124, 4212-4218 (2014). 7. Gilbert J, Blaser MJ, Caporaso JG, et cols. Current understanding of the humn microbiome. Nat Med 2018;24(4):392-400.

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