Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

77 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.74-85, out-dez 2022 Microbioma e doença pulmonar obstrutiva crônica Hisbello da Silva Campos homeostasia intestinal. (23) Em sua função protetora, o microbioma intestinal é a pri- meira linha de defesa junto com os me- canismos de defesa do hospedeiro para conter invasões e infecções subsequentes por vários patógenos microbianos. (24) Alterações na diversidade natural da microbiota são chamadas disbioses . Estima- -se que os desequilíbrios nas proporções (diversidade) e tamanho das diferentes es- pécies de microrganismos estão diretamente associados em cerca de 90%das doenças. (25) No trato gastrointestinal, apenas a co- munidade bacteriana é representada por aproximadamente 10 14 bactérias divididas em cerca de mil espécies diferentes. (26) Fir- micutes e Bacterioidetes representammais de 90% da comunidade microbiana nos intestinos. (27) Estômago, duodeno e íleo têm menor densidade populacional que o jejuno, o ceco e o cólon. (28) A microbiota pulmonar também é constituída por Firmicutes e Bacterioidetes , principalmente. (29) Quando avaliada regionalmente, a microbiota no trato respiratório superior é mais numerosa que a do trato respiratório inferior. (30) A microbiota do trato respiratório age como umdefensor da saúde respiratória. Ela propicia resistência à colonização por pató- genos potenciais e também está associada à maturação e à perpetuação do equilíbrio da fisiologia respiratória e sua imunidade. (31) O microbioma da faringe desempenha papel vital contra infecções do trato respi- ratório protegendo a entrada da via aérea contra infecções patogênicas. (32) Alguns membros da microbiota local, incluindo Dolosigranulum spp. e Corynebacterium , têm papel importante e benéfico no equi- líbrio do ecossistema respiratório ao pro- mover a exclusão de bactérias patogênicas, como Streptococcus pneumoniae, Pseudo- monas spp., Haemophilus spp . , Klebsiella spp., e Legionella spp. (33) Estudo realizado com pacientes intubados indicou a presença de associação com disbioses nas quais as bactérias mais frequentes no microbioma do trato respiratório foram: Streptococcus viridans, Streptococcus pneumoniae, Cory- nebacterium diphteriae, Staphylococcus aureus, Haemophilus influenza, Mycobac- terium tuberculosis, Bordetella pertussis, Klebsiella spp . , Neisseria meningitides, Mycoplasma pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Moraxella spp. (34) Os vírus observados em maiores proporções foram Adenovirus, Rhinovirus, Influenza virus, Epstein-Barr virus, vírus do sarampo e as espécies de fungos foram Aspergillus spp., Candida albicans, Candida immitis, Candida neoformans . (35) A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA Classicamente, a DPOC é definida como uma doença frequente, prevenível e tratável, caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação ao fluxo aéreo resul- tante de anormalidades dos brônquios e/ou alveolares, causadas pela exposição signi- ficativa a partículas tóxicas ou fumaças. Os sintomas respiratórios mais frequentes são

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