Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

52 Mediólise Arterial Segmentar – revisão da literatura e relato de casos Pedro Guido Sartori et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.45-54, out-dez 2022 idades variadas com pico de incidência a partir da 5ª década de vida, sem predileção entre os sexos ou com leve tendência para o sexo masculino, com envolvimento também de vasos do TC e mesentéricos, podendo apresentar ruptura. (6-8) Na presença de dissecções, aneurismas e estenoses de artérias viscerais, ilíacas e cervicais, quando não há outro diagnóstico mais provável, a hipótese de MAS deve ser levantada. Seja de apresentação aguda e sintomática ou por achado em exames de imagem. Com a qualidade e agilidade dos exames disponíveis hoje, é possível caracterizar com precisão mesmo lesões pontuais e pequenos flaps de dissecção. (5,9) Por vezes pacientes diagnosticados com dissecções espontâneas ou idiopáticas são fortes candidatos ao diagnóstico de MAS. (10) Dentre os nossos casos, houve pacientes de ambos os sexos, idades diversas e com acometimento de todos os vasos mais asso- ciados à MAS. A relação com hipertensão arterial foi observada nos quatro pacientes. Após a hipertensão, o tabagismo também é citado com frequência entre as revisões sobre aMAS, mesmo na ausência de doença aterosclerótica, e recomenda-se cessação do tabagismo, assim como evitar o uso de drogas vasoconstritoras como cocaína e o abuso de pseudoefedrina. (10) A baixa suspeita associada ao diag- nóstico tradicional da doença apenas por achado anatomopatológico pode ter leva- do ao dado histórico de que a MAS seria uma patologia de prognóstico reservado, afinal apenas os casos mais severos eram relatados inicialmente. Os estudos mais recentes e abrangentes consideram que, com manejo adequado, a maior parte dos casos tem evolução benigna após o trata- mento inicial. (5,8,9) Não existem diretrizes específicas para o tratamento da MAS. Kalva et al. citam recear que a manipulação de vasos propen- sos a dissecção com cateteres e fios-guia pudesse provocar novas lesões, reservando a abordagem endovascular para pacientes com lesões complicadas por isquemia or- gânica ou rotura. (9) No entanto, já foi de- monstrado que o TE é uma opção segura no manejo da MAS, com baixa mortalidade e alta taxa de sucesso técnico. (5,8,10) O TE, quando indicado, inclui o controle de roturas, exclusão de aneurismas, angio- plastia de estenoses e reparo de dissecções com recanalização da luz verdadeira quan- do necessário. É ampla a gama de opções a serem utilizadas de acordo com a lesão e o quadro clínico observados. Séries de casos mencionam embolização com molas como o tratamento mais frequentemente empregado na MAS. (8,10,12) Nas nossas sé- ries, além do uso de molas para exclusão de aneurismas, utilizamos stents de malha aberta ou stents moduladores de f luxo quando o objetivo era exclusão da falsa luz e preservação da perfusão dos órgãos-alvo. Obtivemos sucesso técnico no tratamento de todas as lesões. (16,18-20) Resolvido o quadro agudo, é impor- tante que o paciente esteja ciente de que

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