Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

26 Lúpus Eritematoso Sistêmico: o que o clínico precisa saber Mirhelen Mendes de Abreu Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.13-30, out-dez 2022 com imunoglobulina IV; ciclofosfamida ou rituximabe também podem ser usados, com eficácia variada entre os estudos. (18,19) 4. Hipertensão pulmonar e envolvimento do coração Hipertensão arterial pulmonar (HAP) é uma complicação pouco frequente, porém grave dentre os pacientes com lúpus. Dados recentes sugerem dois fenótipos distintos, o vasculopático com baixa atividade de doença (“HAP pura”) e o chamado “vas- culítico” com elevada atividade de doença, que pode ser mais responsiva ao tratamento imunossupressor. (18-20) Pacientes com lúpus também podem de- senvolver hipertensão pulmonar através de outros mecanismos: hipertensão pulmonar por tromboembolismo crônico resultante de oclusão não resolutiva da vasculatura pulmonar ou, menos frequentemente, hi- pertensão pulmonar secundária a doença pulmonar intersticial que causa hipoxemia. Embora a pericardite seja a manifes- tação cardíaca mais frequente, doença valvular e, menos frequentemente, mio- cardite podem ser detectadas. Tanto pelo lúpus quanto pela presença de anticorpos antifosfolipídeos, o risco para doença car- díaca valvular é aumentado nesta popula- ção de pacientes. A miocardite é rara, mas cada vez mais reconhecida, principalmente após o advento da ressonância magnética cardíaca e uso de testes de troponina al- tamente sensíveis. Cardiomiopatia induzida por antimalá- rico é uma complicação rara, provavelmente subdiagnosticada, que pode ser atribuída ao tratamento antimalárico prolongado. Apresenta-se como uma cardiomiopatia hipertrófica e restritiva com ou sem con- dução de anormalidades. (20) 5. Saúde da mulher, fertilidade e gravidez em pacientes com lúpus O risco de displasia cervical de alto grau e câncer cervical é 1,5 vez maior em mulheres com lúpus quando comparado ao da população em geral. (18,19) Nesse caso, vacinação contra papiloma vírus humano (HPV) deve ser recomendada em toda mulher com lúpus. A sexualidade e a de- cisão por ter filhos pode ser impactada em pacientes com lúpus. A maioria das mulheres pode ter gravidez e medidas bem-sucedidas podem ser tomadas para reduzir os riscos de complicações obstétri- cas e desfechos fetais adversos. Fatores de risco para desfechos adversos da gravidez incluem gravidez na fase ativa da doen- ça; nefrite lúpica (independentemente da atividade de doença); hipertensão arterial sistêmica ou proteinúria superior a 1g/dia; presença de atividade sorológica ou posi- tividade para anticorpos antifosfolipídeos; morbidade vascular e gestação anterior; e uso crônico de corticoide. Por outro lado, existem benefícios do uso de hidroxiclo- roquina e agentes antiplaquetários ou anticoagulantes. Aumento de C5b-9 — no início da gravidez — é fortemente preditivo

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