Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 4 - 2022

35 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.4, p.31-44, out-dez 2022 Nefrotoxicidade – Aspectos Básicos Caroline Azevedo Martins e Mauricio Younes-Ibrahim Na cronologia da DRID, é importante considerar as definições de consenso uti- lizadas para IRA, doença renal aguda e DRC (Doença Renal Crônica): (10) A IRA se desenvolve em 7 dias ou menos; a doença renal aguda cursa além de 7 dias, mas menos de 90 dias, e a DRC, além de 90 dias. Pelas definições do KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes), o desenvolvimento de DRID pode ser divi- dido de forma semelhante em aguda (1 a 7 dias), subaguda (8 a 90 dias) e crônica (> 90 dias) após a exposição ao medicamento. Esta abordagem possibilita a classificação e o rastreamento de lesões pela duração e pelos resultados. Com base nesse modelo conceitual podem ser estabelecidos limia- res para detectar DRID, definindo a sua gravidade e verificando a sua recuperação, para cada fenótipo (9,10) A creatinina sérica é universalmente utilizada como um biomarcador empregado para a estimativa da função renal, e os seus valores basais, que refletem a capacidade de função renal de cada paciente, são utili- zados como critério de DRID. Valor prévio de creatinina sérica (CrS) mais próximo possível dos eventos iniciais deve ser uti- lizado como valor basal, mas nem sempre ele está disponível. Nesses casos, utiliza-se a creatinina sérica mensurada em até 90 dias antes do evento. (9,10) A descrição dos fenótipos de DRID tem relevância e deve ser divulgada, inclusive para incentivar o desenvolvimento de fer- ramentas de triagem e rastreio para DRID, que auxiliam na decisão de recorrer ao nefrologista. Neste contexto, programas de farmacovigilância podem ser desen- volvidos para identificar precocemente os pacientes que foram expostos a medicamen- tos nefrotóxicos e desenvolveram IRA. A identificação de tais pacientes pode exigir intervenções como monitoramento inten- sificado da creatinina sérica e dos níveis circulantes dos medicamentos. O monitoramento terapêutico de medi- camentos (MTM) tem emprego na prática clínica para dosagem de medicamentos es- pecíficos, em intervalos designados, visan- do melhorar a assistência terapêutica pelo ajuste individual nas doses demedicamentos administrados. (11,12) OMTM é usado princi- palmente para monitorar: 1) medicamentos com faixas terapêuticas estreitas; 2) medica- mentos com variabilidade farmacocinética acentuada; 3) medicamentos para os quais as concentrações-alvo são difíceis demonitorar e 4) medicamentos com potencial de causar tanto efeitos terapêuticos como adversos. A utilização do MTM baseia-se na farmaco- cinética e na farmacodinâmica específicas para cada medicamento e na suposição de que existe uma relação definível entre a dose administrada e a concentração plasmática ou sanguínea do medicamento e desta com os efeitos terapêuticos e os indesejáveis. O objetivo do MTM é usar concentrações apropriadas de medicamentos para otimi- zar os resultados clínicos e evitar os efeitos indesejáveis, dentre eles a nefrotoxicidade, em situações clínicas variadas. (11-15)

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