Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

52 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Horizonte, Porto Alegre e Fortaleza, referin- do-se na maioria a conjuntos heterogêneos de pacientes internados, com metodologia diagnóstica variada, que comumente não permitem comparações precisas; sua ocor- rência temvariado de 5,5%a 44,7%dos casos de diarreia de pacientes internados, depen- dendo do grupo avaliado. (12) A impressão dos clínicos, cirurgiões e infectologistas é a de que os casos vêm aumentando, embora sem alterações importantes na gravidade. A caracterização dos ribotipos predominantes também é pouco estudada nas casuísticas brasileiras. Embora a presença da cepa NAP1/BI/027 já tenha sido referida por um laboratório privado no Rio de Janeiro, não tem sido descrita nem em surtos nem em casos isolados no Brasil. A DCd pode ocorrer em quase todas as faixas etárias, contudo a sua frequência aumenta com a idade, sendo mais comum após os 65 anos, os quais contribuem com mais de 70%dos enfermos. Nos recém-natos a DCd é muito rara e admite-se que seja por falta de receptores para a toxina do Cd nos enterócitos, ainda imaturos, e pela presença de anticorpos contra as toxinas do Cd no leite materno; nas crianças em geral os casos também têm aumentado, embora menos que nos idosos. Em um estudo americano no período de 2000 a 2005 o autor demonstrou que a incidência global aumentou de 5,5 casos por 10.000 habitantes para 11,2/10.000 ao ano; na faixa etária de 18 a 44 anos a incidência aumen- tou de 1,3 para 2,2/10.000, mas na faixa de 65 a 84 anos elevou-se de 22,4/10.000 para 49/10.000, sendo que nos maiores de 84 anos de 52/10.000 para 112/10.000. (10) Em crianças, diferentemente de nos adultos, a DCd tem sido diagnosticada até duas vezes mais na comunidade do que nos hospitais. (13) Muitos autores têm chamado a atenção para a ocorrência de DCd na comunidade em pacientes sem os fatores de risco tra- dicionais, particularmente em crianças e puérperas; estes casos em algumas séries respondem por 10% a 20% do total. (14) As fontes de infecção da DCd são repre- sentadas pelos indivíduos doentes e pelos portadores assintomáticos que eliminam esporos do bacilo junto com as fezes. O Cd é encontrado em animais, mas não se sabe exatamente qual a participação deles na epi- demiologia humana, entretanto acredita-se que possam funcionar como fontes de infec- ção. As taxas de portadores assintomáticos na população geral são muito variáveis. Em adultos saudáveis elas oscilam entre 3% e 15% na maioria dos estudos. Estes números podem ser maiores em crianças e sobretudo em idosos, particularmente em moradores de casas de apoio, lares de idosos, asilos e em hospitalizados, onde os colonizados podem ultrapassar mais de 50%; quanto maior o tempo de internação, maior o risco de contaminação. Embora a maioria permaneça assintomática na proporção de 5:1, estes pacientes eliminam esporos que contaminam o ambiente, faci- litando a transmissão para os suscetíveis que podem apresentar a DCd. Em crianças,

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