Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

89 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. exclusivos e em precauções de contacto (precauções entéricas). Este isolamento deve iniciar-se assim que houver a sus- peita diagnóstica e permanecer no mí- nimo enquanto durar a diarreia; alguns pesquisadores sugerem até 48 horas após e outros durante toda a permanência no hospital, visto que os esporos podem ser recuperados das fezes em média até 6 se- manas após o tratamento efetivo, embora o maior risco de contágio seja na fase aguda. A higienização das mãos é medida crucial, enfatizada por todas as rotinas e deve ser feita antes e após o contato com o paciente. O Cd é resistente ao álcool habitualmente usado, sendo recomendada também a la- vagem com água e sabão. O uso de luvas e de capote é obrigatório antes de entrar no quarto e ter contacto com o paciente e os utensílios neles existentes, incluindo os visitantes, devendo ser removidos antes de sair do mesmo. Ações educativas para que estas medidas sejam cumpridas são também importantes. O screening de portadores assintomáticos do Cd não é indicado, visto que o seu tratamento não é adequado e não produz resultados práticos. A pesquisa do Cd no ambiente hospitalar, excetuando-se os estudos epidemiológicos, também não modificam as medidas de desinfecção pre- conizadas para o bacilo, e não é sugerida pelos autores. O diagnóstico rápido dos casos de diarreia em geral e da diarreia associada ao uso de antibióticos é funda- mental para que as medidas sejam mais precocemente tomadas de forma racional. 7.8.2. Medidas de limpeza e desinfecção ambiental Dentro do possível, recomenda-se que todo o material usado no enfermo seja descartável. Os termômetros, se não forem descartáveis, devem ser de uso exclusivo do paciente, bem como estetoscópio e esfig- momanômetro deverão ser adequadamente desinfetados antes de ser utilizados em outros pacientes. O Cd é muito dissemi- nado no ambiente hospitalar. As medidas de limpeza que eliminam os esporos das superfícies existentes são bem indicadas. Os esporos do Cd são resistentes aos pro- dutos de limpeza hospitalar rotineiramente usados. Recomenda-se usar produtos que contenham cloro na proporção de 1.000 a 5.000 partes por milhão; os de 5.000 por milhão são mais efetivos, entretanto tendem a causar mais efeitos corrosivos, daí que deveriam ser indicados mais para a limpeza pesada do chão e dos banheiros. 7.8.3. Controle do uso de antimicrobianos Idealmente o uso racional dos antibió- ticos inclui evitar o seu uso desnecessário, particularmente na duração e no número de medicamentos prescritos; este ponto é muito vulnerável na maioria dos hospitais, sobretudo quando não há programas de controle do uso de antibióticos e consultoria especializada disponível. O diagnóstico mi- crobiológico é fundamental para a realização dos ajustes que vão otimizar o tratamento e

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2