Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

117 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.112-123, jul-set 2022 Angina de peito refratária: Transplantar ou não transplantar, eis a questão Tayane Vasconcellos Pereira et al. A artéria torácica interna direita foi utilizada, com trajeto retroaórtico, para revascularizar o ramo marginal da artéria circunflexa, sendo esse o vaso de melhor aspecto anatômico, com paredes lisas e calibre satisfatório, além de bom leito distal. A artéria descendente anterior (ADA) apresentava grande aneurisma proximal cal- cificado e obstruções sequenciais ao longo de seu trajeto, com leito distal comprometido pela grave doença aterosclerótica. Foi rea- lizada extensa endarterectomia aberta da ADA e reconstrução arterial com retalho de veia safena (VS), com excelente resultado. A ATI esquerda, utilizada in situ , foi anastomosada látero-lateralmente à ADA após endarterectomia e reconstrução com retalho de veia safena. A porção distal da ATI esquerda foi destinada à revasculari- zação do segundo ramo diagonal, de forma término-terminal, com excelente resultado. A revascularização completa do mio- cárdio contemplou também uma ponte de safena da aorta ascendente para o ramo descendente posterior da coronária direita, em sua porção mais distal. O tempo de circulação extracorpórea (CEC) foi de 155 minutos, paralelamente aos 145 minutos de isquemia miocárdica e proteção cardioplégica sanguínea (na pro- porção de 4 partes de sangue para 1 parte de solução cristaloide), fria, hiperpotassê- mica, com infusão via anterógrada (raiz aórtica) e retrógrada (via seio coronariano venoso), além de infusão de cardioplegia via ponte de safena (após anastomose distal), a intervalos não superiores a 15 minutos. No período intraoperatório, o paciente recebeu duas unidades de concentrado de hemácias e apresentou disfunção do ventrículo direito no desmame da CEC, tratada com fármaco inotrópico. O paciente foi admitido na Unidade Pós- -Operatória (UPO), onde permaneceu por sete dias. Fora extubado ainda na sala ope- ratória, ao fim do procedimento cirúrgico, e manteve saturação arterial de oxigênio ade- quada em suporte de oxigênio suplementar de baixo fluxo. Chegou à UPO dependente de fármacos vasoativos e inotrópicos endo- venosos em baixa dosagem, mantendo bons parâmetros oxi-hemodinâmicos. Conforme plano terapêutico, a terapia de substituição renal foi instituída nas primeiras quatro horas do período pós-ope- ratório imediato. Manteve-se nas primeiras 48 horas em ritmo cardíaco sinusal e o ecocardiograma transtorácico realizado no período de pós-operatório imediato confir- mava a preservação da função biventricular. Em segmento ao protocolo ERACS, o jejum pós-operatório foi abreviado e anal- gesia seguiu o protocolo institucional, mi- tigando o uso de opioides. Também foram instituídas medidas de mobilização precoce e fisioterapia. O paciente evoluiu satisfatoriamente no pós-operatório, permitindo o desma- me progressivo dos fármacos vasoativos endovenosos.

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