Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

63 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. em pacientes com DCd sem diarreia, em casos complicados com peritonite, íleo ou megacólon tóxico. A repetição de exames pela mesma técnica após a obtenção de um resultado negativo não se mostra cus- to-efetiva, de acordo com a maioria dos guidelines . A positivação em um segundo ou terceiro exame tem ocorrido em 1% a 10% dos casos, e aumenta a probabilidade de exames falsos positivos. As toxinas do Cd degradam-se em cerca de 2 horas na temperatura ambiente, devendo-se trans- portar o material sob refrigeração para o laboratório se a previsão for a de demorar mais do que este tempo; este fato pode explicar a ocorrência de alguns resultados falsos negativos. Recomenda-se solicitar o exame antes de iniciar o tratamento espe- cífico, visto haver interferência crescente de acordo com o tempo de uso, não só nas culturas, mas também no PCR. Em seguida serão resumidos os principais exames labo- ratoriais para o diagnóstico da DCd. (17,33,34) 6.1. Coprocultura A coprocultura para anaeróbios em meios seletivos é o meio tradicional de isolamento do Cd e considerada por mui- tos pesquisadores como o padrão-ouro com o qual os outros métodos deveriam ser comparados. Pode ser usada a técnica do pré-aquecimento das fezes na qual os esporos do Cd são preservados. A sensibi- lidade varia entre 94% e 100%, enquanto a especificidade situa-se em 84% a 100%. Embora seja um bom exame, ele exige a es- trutura de um laboratório de microbiologia. Apesar do baixo custo tem a desvantagem de não diferenciar as cepas produtoras de toxinas das não toxinogênicas. 6.2. Teste da neutralização da citotoxicidade Usa-se um filtrado das fezes onde se quer fazer a pesquisa das toxinas do Cd e inocula-se numa cultura de tecido em monocamada (vários tipos de cultura são usados). Após 24 a 48 horas, se o teste for po- sitivo, observa-se uma lise das células pelas toxinas do bacilo. Em uma segunda cultura Quadro 4 Fatores de risco para a infecção recorrente do Clostridioides difficile de acordo com as referências 6, 7, 8, 35 Principais fatores de risco das recorrências do Clostridium difficile y Idade acima de 65 anos y Outros episódios de infecção pelo C. difficile y História de infecção grave pelo C. difficile y Leucocitose no hemograma y Hipoalbuminemia <3g/dL y Febre y Presença de comorbidades y Doença inflamatória intestinal y Exposição a múltiplos cursos de antibióticos; necessidade de se continuar os antibióticos após o diagnóstico de DCd y Níveis de anticorpos contra a toxina A diminuídos y Fármacos supressores da secreção ácida do estômago

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