Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

22 Miocardite aguda: 16 pontos que todo médico deve conhecer Evandro Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.21-35, jul-set 2022 FATO NÚMERO 1 – MIOCARDITE, UMA DOENÇA POTENCIALMENTE FATAL As miocardites agudas podem ocasio- nar morte súbita, particularmente durante exercício, em indivíduos assintomáticos, sendo causa de 15% a 30% em atletas jovens, na autópsia. Ao lado disso, podem evoluir com quadro de grave disfunção cardíaca, denominada miocardite fulminante, que pode ser observada entre 5% a 8%dos casos de MA, cursando commortalidade de 10% a 15%. Portanto, a restrição da atividade física, por 6 meses, e a busca de marcado- res de má evolução, frente ao diagnóstico de MA, são medidas importantes para a prevenção de eventos graves na MA. A base para a prevenção das complicações é a pronta suspeita diagnóstica e aborda- gem terapêutica. Para tal, o fluxograma proposto pela diretriz da SBC mostra-se ferramenta prática e útil na assistência diária (Figura 1). FATO NÚMERO 2 – OS VÍRUS NAS MIOCARDITES AGUDAS Alguns vírus cardiotrópicos, como par- vovírus B19, herpesvírus 6, enterovírus, adenovírus e o vírus de influenza (Figura 2), podem agredir diretamente os cardiomió- citos ou acometer os vasos coronarianos e linfáticos e promover liberação de citocinas, ocasionando lesões dos cardiomiócitos. de MA tem crescido no mundo, e durante a pandemia do Covid-19 foram detectadas formas discretas de agressão cardíaca em razão do aumento de troponinas, inclu- sive ressonância cardíaca positiva com preservação de função sistólica de indiví- duos com grave disfunção cardíaca/choque cardiogênico com necessidade de implante de assistência circulatória (ECMO). Além disso, as vacinas utilizadas para o combate ao Covid-19 foram descritas como causa- doras de casos leves de miocardite, o que originou argumentos para grupos contrá- rios à vacinação. Recentemente, uma nova modalidade de MA tem surgido como efeito adverso do tratamento da imunoterapia no câncer – a miocardite por inibidores de imunocheckpoint (ICP). As alterações imunoinflamatórias nas miocardites têm impulsionado uma nova área do conhe- cimento, a cardioimunologia, estudando novos alvos terapêuticos e mecanismos moleculares e celulares. O presente artigo busca apresentar aos clínicos pontos importantes na tomada de decisão no que se refere ao atendimento de paciente com suspeita de MA como tam- bém trazer aspectos considerados de alta relevância na abordagem contemporânea. Uma recente diretriz sobre miocardites foi publicada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e umnovo posicionamen- to também foi elaborado pela Associação Americana de Cardiologia (AHA).

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