Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

61 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. também são muito sugestivos, com a carac- terização da colite pseudomembranosa. A tomografia computadorizada pode demons- trar espessamento da mucosa que traduz o edema inflamatório da parede intestinal. A DCd pode complicar a evolução da DII. Aproximadamente 10% das recaídas da DII são produzidas por infecções intes- tinais; destas, 50% são causadas pelo Cd, em função das hospitalizações frequentes, cursos de antibióticos, corticoides, uso de biológicos, cirurgia intestinal e as lesões da mucosa intestinal, fatores que aumentam o risco da DCd. Deve-se pesquisar sempre esta possibilidade nas recaídas e quando não houver a resposta que se espera com os tratamentos habituais da DII. Raramente a DCd pode apresentar-se de maneira atípica como uma enteropatia perdedora de proteínas com ascite e edema periférico, com hipoalbuminemia grave, mas que responde ao tratamento do Cd. Também são citadas lesões extracolôni- cas na doença, dentre elas a apendicite e acometimento do intestino delgado, que é raro, mas referido principalmente em ca- sos de cirurgia do cólon e em doentes com múltiplas comorbidades. Alguns casos de sepse, celulite, infecções de partes moles e artrite reativa são descritos na DCd, embora extremamente raros. (2,24) 5.2.4. Casos graves complicados Correspondem a cerca de 3% e 8% dos pacientes com DCd. As complicações das formas graves incluem a desidratação ou distúrbios eletrolíticos, hipoalbuminemia abaixo de 3g/dL, perfuração intestinal, pe- ritonite, megacólon tóxico, sepse, síndrome de reação inflamatória sistêmica (SRIS), insuficiência renal, íleo paralítico, isquemia do cólon e óbito. Nesta forma a letalidade chega a 50%. Dor abdominal intensa espon- tânea ou à palpação, diarreia profusa que, entretanto, pode faltar na perfuração, no megacólon tóxico e no íleo paralítico; dimi- nuição ou ausência de ruídos hidroaéreos, distensão e hipertonia abdominal nos casos de perfuração intestinal. O Colégio Ame- ricano de Gastroenterologia (25) acrescenta na definição de formas graves e complica- das a existência de leucometria >35.000 ou <2.000 células/mm 3 , lactato >2,2mmol/L, hipotensão, com ou sem necessidade de vasopressores, íleo ou distensão abdominal, alterações mentais e falência de órgãos. A evolução destes casos pode acontecer de forma rápida ou fulminante ou demorar alguns dias com agravamento progres- sivo. A tomografia do abdome e da pelve é muito importante principalmente para fazer o diagnóstico de megacólon tóxico ou de perfuração intestinal. Recomenda-se que estes enfermos sejam acompanhados junto com um cirurgião desde o início. (31) Existem vários fatores de risco e preditores das infecções graves pelo Cd descritos, que podem ser resumidos no Quadro 3. (3,8) 5.2.5. Formas recorrentes Entre 15% e 35% dos pacientes com DCd apresentam recorrências da doença;

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