Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

75 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Recomenda-se não ministrar a vancomicina junto com a colestiramina, visto que ela pode se ligar à colestiramina e diminuir sua ação antimicrobiana. Nas formas leves e moderadas de adul- tos a vancomicina é a melhor alternativa entre nós, visto que a fidaxomicina não existe ainda no Brasil e o metronidazol dá resultados inferiores às duas. Na maioria dos autores e guidelines a vancomicina é usada na dose de 125mg, VO, de 6/6 horas, durante 10 a 14 dias (ver Quadro 6). As doses podem ser aumentadas sem efeitos adversos adicionais, porém nestas formas não há vantagem de se usar doses maio- res nos estudos comparativos. Em geral a resposta se faz sentir em 2 a 5 dias. Em algumas situações especiais a vancomicina pode ser ministrada sob a forma de enemas ou por sonda nasogástrica, gastrostomia ou ileostomia. A vancomicina por via oral pode ser usada durante a gestação sem problemas adicionais. Existe o temor de que o uso mais generalizado da vancomicina na DCd possa contribuir para exercer pressão seletiva nos enterococos resistentes à van- comicina. Em crianças não se demonstrou a superioridade da vancomicina sobre o metronidazol para estas formas. Fidaxomicina É um antibiótico macrocíclico. Apresen- tado por via oral em comprimidos de 200mg para adultos. É primariamente bactericida, atua na síntese do RNA inibindo a RNA polimerase da bactéria. Age somente em Gram-positivos e desta forma produz menos alterações na microbiota intestinal, preser- vando os Gram-negativos. Boa atuação no C. difficile e a resistência é um fenômeno considerado incomum, visto que a sua indicação clínica quase que exclusiva é a DCd, além do uso mais restrito pelo preço elevado. Este fármaco quase não é absorvi- do por via oral, agindo topicamente na luz intestinal, e com isto os efeitos adversos são incomuns, citando-se manifestações alérgi- cas, em geral de pequena gravidade, alémde náusea, vômitos e constipação ocasionais, de intensidade leve a moderada. Embora não haja estudos em humanos, não foram descritas alterações em animais durante a gravidez, sendo classificada na categoria B pelo FDA. Em geral não há necessidade de ajustes na insuficiência renal, hepática e nos idosos. De acordo com os guidelines a fidaxomicina ou a vancomicina são as primeiras alternativas para tratar as for- mas leves e moderadas da DCd e ambas são mais ativas do que o metronidazol. É usada em adultos na dose de 200mg, 2 ve- zes/dia, durante 10 dias. Vários guidelines a consideram superior à vancomicina em relação à menor taxa de recorrências. (47,48) Ainda não é comercializada no Brasil, porém nos Estados Unidos, segundo anún- cio promocional na internet, a caixa com 20 comprimidos, que dá para um tratamento, custa US$ 4459,24 e segundo o Lexicomp /UPTODATE o valor por comprimido é US$ 255,73 (consulta feita em 29/12/2021).

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