Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

84 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 o doador é submetido a uma bateria de exames incluindo sorologia para o HIV, HTLV 1 e 2, HAV, HBV, HCV, EBV, CMV, sorologia para sífilis, exame parasitológico para excluir helmintos e protozoários, com destaque para a giardíase, amebíase, crip- tosporidiose e estrongiloidíase, entre outros, coprocultura para o Cd e para bactérias enteropatogênicas; investigação de alguns vírus; estes exames podem ser ampliados dependendo das informações obtidas com o doador e com os dados epidemiológicos locais. A experiência dos grupos que reali- zam este procedimento é a de que o número de complicações é muito baixo, desde que o screening de doadores seja bem executado. Em relação aos receptores do TMF, os fatores de exclusão mais citados são: 1) pacientes em uso de esquemas pesados de imunossupressores, incluindo doses elevadas de corticoides, agentes biológicos produtores de depleção de linfócitos, agen- tes anti-TNF, quimioterapia antineoplási- ca, entre outros; 2) portadores de cirrose descompensada, AIDS em fase avançada, transplante recente de medula óssea, além de outras causas de grave imunodeficiência. Alguns autores incluem ainda a gravidez. O material fecal é coletado do doador, filtrado para retirada de partículas sólidas e diluído em salina. A infusão deve ser feita preferentemente dentro de 6 horas. Reco- menda-se um curso com vancomicina até a véspera do procedimento. O receptor deve realizar um preparo intestinal semelhante ao utilizado para realizar colonoscopia, com o objetivo de diminuir a carga de Cd no cólon antes da instilação do material fecal. Amelhor via para se realizar o TMF ain- da é discutida. Pode ser utilizado enema de retenção, administração por colonoscopia, por tubo nasogástrico ou por gastroscopia e uso de cápsulas. Discute-se qual seria a melhor via, devendo-se avaliar caso a caso qual o melhor procedimento. Os resultados do TMF nas formas re- correntes, a partir da terceira recorrência, têm boas taxas de sucesso na maioria dos estudos, fato que explica a sua indicação nos guidelines . Espera-se em futuro pró- ximo que dentre as mais de 1.200 espécies existentes na microbiota fecal possam ser identificadas as de real importância no restabelecimento do equilíbrio e preparar cápsulas que resolvam o problema sem a rotina trabalhosa de hoje. No grupo pediátrico os trabalhos uti- lizando TMF são limitados, e embora re- feridos em algumas rotinas a sua indica- ção ainda não é consensual e precisa ser discutida caso a caso (Quadros 8 e 9). (13,45) Probióticos Os probióticos são microrganismos em princípio não patogênicos, capazes de co- lonizar a mucosa colônica e aumentar a sua resistência contra a colonização de bactérias patogênicas. Os produtos disponíveis em geral incluem várias espécies de bactéria Lactobacillus e Bifidobacteria, que fazem parte da microbiota intestinal normal; o

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