Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

101 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.94-104, jul-set 2022 Diagnóstico e estratégia terapêutica na depressão resistente ao tratamento Walter dos Santos Gonçalves et al. mindfulness no tratamento de DRT. Tal mo- dalidade psicoterapêutica combina técnicas de TCC com técnicas de meditação (atenção plena), que alémde reduzir sintomas depres- sivos tem demonstrado redução de recaídas e sintomas ruminativos, além de melhorar qualidade de vida e autocompaixão. (35–37) A terapia interpessoal, quando com- parada à TCC e à MBCT, possui menor evidência de melhora sintomatológica em DRT. Em uma metanálise de 2016, esta técnica psicoterápica mostrou-se efetiva na melhora dos sintomas depressivos, porém o número de estudos em DRT foi inferior ao das outras duas estratégias. (38) O objetivo da terapia interpessoal é intervir em difi- culdades interpessoais que possam estar funcionando como desencadeadores (ou mantenedores) dos sintomas depressivos. Outra estratégia interessante no trata- mento adjuvante da depressão é a prática regular de exercício físico. O seu benefício como potencializador ao antidepressivo pode ser observado em uma revisão siste- mática de 2014. (39) No entanto, cabe ressaltar que o seu uso isolado para o tratamento de depressão não é recomendado, e ainda há uma carência na literatura sobre a duração, frequência, intensidade e tipo de exercício físico que seriam os mais adequados em pacientes com DRT. Perspectivas futuras Os resultados animadores provenien- tes dos estudos com cetamina venosa e escetamina intranasal no tratamento de DRT reforçaram a investigação de ou- tros moduladores glutamatérgicos como estratégia terapêutica nesses pacientes. (40) Atualmente, três compostos antago- nistas NMDA têm sido estudados para quadros depressivos, dois em fase II de estudo (MIJ821 e óxido nitroso) e um em fase III (AXS-05). Além de apresentar melhora sintomatológica, estas substâncias mostraram resultados de melhora rápida dos sintomas depressivos. (40) Duas outras substâncias que têm ganha- do destaque recentemente são a psilocibi- na e a ayahuasca. Apesar dos resultados inicialmente positivos, ainda não há dados conclusivos sobre a sua aplicabilidade em DRT em razão da ausência de estudos robustos tanto de eficácia, quanto de se- gurança do seu uso. A toludesvenlafaxina (ou ansofaxina), um inibidor triplo de re- captação de serotonina, noradrenalina e dopamina, também apresentou resultados interessantes no tratamento de depressão em estudos de fase II e III. (40,41) No campo da neuromodulação, a esti- mulação cerebral profunda ainda pode se tornar uma alternativa viável futuramente. Apesar de resultados ainda inconsistentes, tem-se estudado cada vez mais novas áreas cerebrais como potenciais alvos terapêuti- cos. (42,43) Outro procedimento que vem sendo cada vez mais estudado é a magnetoconvul- soterapia. Esta técnica consiste emutilizar a estimulação magnética transcraniana para

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