Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

121 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.112-123, jul-set 2022 Angina de peito refratária: Transplantar ou não transplantar, eis a questão Tayane Vasconcellos Pereira et al. reduzir as complicações perioperatórias de cirurgias não cardíacas de alto risco. (15,16) A endarterectomia coronária primária sem cirurgia de revascularização do mio- cárdio foi introduzida pela primeira vez em 1957 por Bailey para o tratamento do infarto agudo do miocárdio. (17) Subsequentemente, a endarterectomia foi combinada com re- vascularização miocárdica isolada. (18) Os relatos iniciais publicados mostraram uma alta incidência de mortalidade perioperató- ria e isquemia. (19) Isso levou à relutância em realizar endarterectomia coronariana. Os resultados adversos iniciaismantiveramsem alternativa de tratamento cirúrgico alguns pacientes comdoença coronariana obstrutiva grave e difusa, como o paciente neste relato. Mais recentemente, a endarterectomia coronariana ampla e extensa, realizada manualmente com dissecção sob visão direta para desenvolver um plano entre a túnica média e o núcleo da placa atero- matosa, associada à dupla antiagregação plaquetária parece mudar o mau prognós- tico inicial associado a endarterectomia fechada em relatos anedóticos da literatura internacional. (20,21) A arteriotomia estendida conforme ne- cessário e a reconstrução coronariana utili- zando um retalho de veia safena ou artéria torácica interna esquerda após endarterec- tomia sob visão direta têm sido utilizadas como alternativas cirúrgicas para pacientes considerados de anatomia coronariana não passível de revascularização cirúrgica com resultados alvissareiros. (22,23) O uso de terapia antiplaquetária du- pla (aspirina e clopidogrel) demonstrou melhorar a permeabilidade do vaso re- construído, e isso levou a reduzir os prin- cipais eventos cardiovasculares adversos. A combinação de ambos pode melhorar a sobrevida após cirurgia de revasculari- zação do miocárdio. (20,21) Como mencionado anteriormente, exis- tem vários relatos descrevendo os resul- tados clínicos e angiográficos da endar- terectomia sob visão direta para artérias coronárias com doença difusa. No entanto, poucos estudos demonstraram os resul- tados das avaliações funcionais após a endarterectomia. A permeabilidade an- giográfica não significa necessariamente suprimento sanguíneo suficiente para o miocárdio perfundido pela artéria coro- nária revascularizada. Estudos funcionais como cintilografia de perfusão miocárdica, ou avaliação da motilidade da parede na região ântero-septal usando speckle trac- king ou ecocardiografia de estresse com dobutamina, são necessários para elucidar o impacto da endarterectomia na perfusão miocárdica e na função cardíaca. (22) O alívio da angina em nosso paciente associado à patência dos vasos coronarianos à angio- tomografia de coronárias é um potencial indicativo da melhora da carga isquêmica. Está planejado cintilografia miocárdica entre 6 a 12 meses de pós-operatório. Nosso objetivo em descrever esse caso foi de discutir o impacto de progra- mas de cuidados centrados no paciente,

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