Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

87 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Do ponto de vista prático não há mais nenhuma comprovação para se utilizar este tipo de tratamento ou prevenção, entretanto não deixa de ser uma linha de pesquisa interessante para dar respostas no futuro. 7.7.3. Medidas para eliminar as toxinas produzidas pelo Cd Como a doença é causada por toxinas, a ideia do uso de resinas e polímeros para fazerem a ligação e impedir da sua ação parece bastante lógica. O polietilenoglicol tem sido usado antes do TMF para ajudar a reduzir a carga de bactérias e toxinas no cólon e facilitar a colonização pela microbio- ta que está sendo transplantada. O preparo é semelhante ao de uma colonoscopia. Não há nenhum efeito antibiótico e sua ação é puramente mecânica, funcionando como um laxativo osmótico. Embora haja uma referência de melhora apenas com o laxa- tivo, o seu uso é considerado adjuvante no preparativo do TMF. A colestiramina e o colestipol são re- sinas de troca iônica que em tese trocam íons com as toxinas do Cd, formando um complexo não absorvível, fato que diminui- ria a sua quantidade livre para se fixar na mucosa, melhorando a doença ou evitando recorrências. Na prática, as evidências de que funcione como terapêutica adjuvante são fracas, embora alguns autores tenham tentado o seu uso, em bases individuais, em função de ser bem tolerada e relativamente de baixo custo. A maioria das rotinas não utiliza estas resinas, visto que a colestira- mina interfere com a ação da vancomicina, ligando-se a ela e diminuindo em cerca de 80% sua ação bactericida. Os poucos defensores do seu uso sugerem ministrar a colestiramina 3 horas antes da vancomi- cina, para evitar a inativação. Discute-se se ela é capaz de interferir também com a ação do metronidazol. Em crianças a co- lestiramina não é recomendada e tem sido associada a desfecho desfavorável. O colestipol praticamente não é mais citado para esta finalidade. O tolevamer é um polímero não an- tibiótico capaz de ligar-se às toxinas do Cd, diminuindo a sua ação, entretanto não tem ação diretamente contra a bactéria. Trabalhos em hamster e in vitro são efe- tivos. Ao contrário da colestiramina, não interfere com a ação da vancomicina e do metronidazol, contudo aumenta a perda de potássio, havendo apresentações que já vêm com o potássio associado. Alguns autores defendem o seu uso associado aos antibióticos, entretanto a base científica que comprove a sua atuação em humanos é fraca e discutível. Amaioria dos guidelines atuais, já referidos, não propõem o seu uso. 7.7.4. Fortalecer a resposta imunitária do hospedeiro Vacinação, principalmente com as toxi- nas A e B do Cd, é uma ideia interessante e constitui uma linha de pesquisa atual na doença. Em geral os indivíduos que

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