Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

70 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 de eleição é a tomografia computadorizada do abdome e da pelve e, na sua ausência, a tradicional rotina de abdome agudo ouultras- sonografia abdominal enquanto o paciente não temcondições de se deslocar para o ser- viço de radiologia. A existência de dilatação colônica com mais de 7cm, junto do quadro clínico, émuito sugestivo domegacólon tóxi- co. Outras alterações descritas são o ar livre na cavidade em casos de perfuração, a dis- tensão difusa às vezes acometendo tambémo delgado, níveis hidroaéreos semelhantes aos encontrados na obstrução intestinal, o edema da parede do cólon (mais de 4mm), alterações das haustrações intestinais pelo edema da parede intestinal podendo encontrar-se o sinal do acordeon, o sinal da impressão do polegar, o sinal do duplo alvo, diminuição da luz intestinal, que não são específicos e podem ocorrer em outras colites com edema da parede intestinal. (29) 6.2.3. Outros exames O hemograma costuma mostrar leucoci- tose com desvio para a esquerda, que tem uma boa correlação com a gravidade do caso. Nos casos graves são comuns conta- gens acima de 15.000 leucócitos/mm 3 com desvio para a esquerda, por vezes até reação leucemoide do tipo mieloide com leucome- tria entre 25.000 e 50.000 leucócitos/mm 3 e desvio intenso podendo ir até mielócitos ou promielócitos, geralmente com aumento es- calonado. A pesquisa de sangue oculto nas fezes em geral é positiva. Em cerca de 50% dos casos a pesquisa de polimorfonucleares nas fezes é positiva. Nos casos graves são comuns os distúrbios hidroeletrolíticos e a acidose metabólica. Manifestações da sepse abdominal podem estar presentes nos casos complicados. A albumina abai- xo de 3g/dL, elevação do lactato acima de 5 mmol/L, aumento da proteína C reativa, da procalcitonina, da ureia e creatinina, da velocidade da hemossedimentação cos- tumam estar presentes nas formas graves. Muitos outros exames podem alterar-se em função dos fatores de risco presentes e da gravidade da doença. (2,3,29) 7. TRATAMENTO 7.1. Medidas gerais Não há benefícios demonstrados no tratamento dos portadores sãos. Como em qualquer paciente com diar- reia, é fundamental manter o equilíbrio hidroeletrolítico, ácido básico, a função renal e o equilíbrio nutricional. Não há razão para se interromper a ingestão de líquidos e nutrientes na maioria dos ca- sos sem complicações, mesmo que parte da reposição seja por via parenteral; em geral os vômitos não são proeminentes nos acometidos pela DCd. Todos os autores recomendam inter- romper os antimicrobianos, se for possível, que propiciaram o surgimento da infecção; quando isto for inviável, deve-se tentar trocá-lo por antimicrobiano que tenha o espectro mais restrito e menos implicado como causa da DCd, sendo útil a discussão

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2