Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022
32 Miocardite aguda: 16 pontos que todo médico deve conhecer Evandro Tinoco Mesquita et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.21-35, jul-set 2022 fragmentação do QRS (ver figura 3), que corresponde às áreas em que existe fibro- se, frequentemente observadas na parede ínfero-lateral do ventrículo esquerdo. Os pacientes de baixo risco, mas com suspeita de miocardite simulando infarto, devem ser submetidos a angiotomografia coronariana, enquanto indivíduos com múltiplos fatores de risco, a exemplo de pacientes idosos, a coronariografia deve ser realizada de rotina. A ressonância cardíaca é útil para con- firmar a presença de edema miocárdico e/ ou fibrose na região mesocárdica ou epi- cárdica das partes lateral e ínfero-lateral, podendo ser utilizada para corroborar o diagnóstico de miocardite. Vale ressaltar que um infarto agudo do miocárdio cos- tuma ocasionar áreas de acometimento subendocárdico ou transmural do ven- trículo esquerdo, embora alguns casos de miocardite possam apresentar, também, um acometimento transmural. FATO NÚMERO 14 – OS CASOS DE MIOCARDITE POR VACINA SÃO RAROS A miocardite relacionada às vacinas já foi relatada na literatura como evento adverso em diferentes imunobiológicos. Nesse sentido, observou-se alguns casos decorrentes das vacinas m-RNA contra o Sars-Cov2 que se apresentaram de forma eventual (1:187 mil vacinados) e com reso- lução espontânea em sua maioria. FATO NÚMERO 15 – MIOCARDITE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UMA CONDIÇÃO POUCO DIAGNOSTICADA NA SALA DE EMERGÊNCIA A miocardite em crianças é uma das causas de insuficiência cardíaca, sendo que casos leves, ou que aconteçam dentro de um quadro de infecção respiratória, não são diagnosticados, visto que muitos pacientes não possuem seus biomarcadores cardíacos avaliados e não realizam o ecocardiograma e o eletrocardiograma. Em relação aos sintomas, muitos apre- sentam dispneia e taquicardia, e sendo as- sim, a sensação presente, diante do quadro clínico e dos níveis de suspeita clínica, é a de necessidade de elaboração de protocolos para identificar os pacientes pediátricos commiocardite, e não apenas aqueles com insuficiência cardíaca já estabelecida e aqueles pacientes que adentram à emergên- cia com queixa de dor no peito, com história de doença infecciosa prévia. Ademais, o uso da ressonância magnética cardíaca tem aumentado o diagnóstico de miocar- dite em crianças, mesmo em pacientes que apresentam fração de ejeção preservada e ecocardiograma normal. Em nossa pós-graduação, na Universi- dade Federal Fluminense, iniciamos um projeto chamado ChARisMA ( Ch ildren and A dolescents M yocarditis A nd Cardio m y- opathies R eg is try), que vem estudando miocardite em crianças e adolescentes, com
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