Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022
115 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.112-123, jul-set 2022 Angina de peito refratária: Transplantar ou não transplantar, eis a questão Tayane Vasconcellos Pereira et al. a 3,8 MET – equivalente metabólico. (As diretrizes indicam, em geral, o transplante cardíaco quando o VO 2 é <10 mL.kg/min.) O cateterismo cardíaco evidenciou o tron- co coronariano livre de lesões, com artéria descendente anterior (ADA) ectasiada em terço proximal, de aspecto aneurismático, e presença de lesão de 80%de seu lúmen distal e oclusão apical total. Grande ramo diagonal com lesão de óstio e medialmente, com 75% de oclusão; artéria circunflexa (ACX) com obstrução proximal equivalente a 90% e ramo atrioventricular totalmente ocluído em região proximal; artéria coronária direita (ACD) com 80% de seu lúmen comprome- tido, além de ectasia, repetindo o aspecto aneurismático observado à esquerda, em seu terço proximal, com obstrução integral da artéria descendente posterior (ADP). O raios X de tórax pré-operatório não mostrou anormalidades, a tomografia com- putadorizada (TC) de tórax ilustrou pe- quenos nódulos calcificados em pulmão direito, com aspecto residual e presença de calcificações ateromatosas em artérias coronárias, com artéria aorta descendente ateromatosa e de calibre normal. O duplex scan de artérias carótidas e vertebrais, assim como de membros inferio- res, em sua variação arterial e venosa, não apresentou evidências de anormalidades. Ao fim do período pré-operatório, o pa- ciente apresentava umEuroscore II equiva- lente a 1,57% para mortalidade, assim como um STS escore de 0,45% para mortalidade e 5,6% para morbidade e mortalidade. A cirurgia, entretanto, foi classificada como de alto risco devido a anatomia arterial coronariana singular e morbidades asso- ciadas ao paciente não contempladas pelos escores supracitados. O paciente foi internado com 12 horas antecedentes ao procedimento, permitindo o início do protocolo Enhaced Recovery After Cardiac Surgery (ERACS) * , sendo feito jejum sólido e líquido de 6 e 3 horas, respectivamente, e a realização de hemo- diálise no pré-operatório imediato. Após instalada a monitoração cardíaca contínua e cerebral (índice biespectral – BIS), além da monitoração da saturação regional de oxigênio cerebral e somática pe- riférica (INVOS), procedeu-se a colocação de uma via arterial para acompanhamento de pressão arterial média, além de cateter de artéria pulmonar (para monitoração he- modinâmica invasiva) e intubação orotra- queal. A estratégia anestésica contemplou a mitigação do uso de opioides alinhada com a condução multidisciplinar do protocolo ERACS. O paciente recebeu administração de antibioticoprofilaxia com vancomicina e ciprofloxacino, e foi submetido a esterno- tomia convencional e conexão ao circuito de circulação extracorpórea (CEC) com parada cardioplégica como estratégia para a cirurgia de revascularização do miocárdio. * Engelman DT, Ben Ali W, Williams JB, et al. Guidelines for Perioperative Care in Cardiac Surgery: Enhanced Recovery After Surgery Society Recommendations. JAMA Surg. 2019;154(8):755-766.
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