Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

100 Diagnóstico e estratégia terapêutica na depressão resistente ao tratamento Walter dos Santos Gonçalves et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.94-104, jul-set 2022 Neuroestimulação O tratamento mais eficaz para depres- são atualmente é a eletroconvulsoterapia (ECT). As taxas de resposta e remissão para transtorno depressivo maior (TDM) podem chegar a 70%-80% e 40%-50%, respectivamente, enquanto em casos de DRT as taxas de resposta são de cerca de 50%. (29) Apesar da possibilidade de efeitos colaterais, principalmente cognitivos, o ECT é o procedimento de primeira linha no tratamento de quadros de DRT com ideação suicida e sintomas psicóticos. Outro procedimento que vem sendo muito utilizado é a estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr). (29) Atual- mente esta estratégia neuromodulatória tem sido utilizada como tratamento adjuvante de primeira linha em pacientes com DRT devido ao baixo perfil de efeitos colaterais quando comparados, por exemplo, aos da ECT. No entanto, cabe ressaltar que a sua eficácia é inferior a eletroconvulso- terapia. Apesar do avanço nos estudos de estimulação magnética, ainda não há uma padronização dos protocolos que devem ser utilizados em pacientes com DRT. (29) Estratégias como estimulação de nervo vago (já aprovada pelo Food and Drug Ad- ministration – FDA) e estimulação cerebral profunda (ainda em fase experimental) têm sido cada vez mais estudadas em DRT. Apesar dos resultados promissores, se considerarmos que os pacientes elegíveis falharam a todas as outras formas de trata- mento, a sua utilização de forma sistemática deve ser evitada em razão da escassez de estudos mais consistentes. Outras estratégias Uma das principais ferramentas do ar- senal terapêutico no tratamento de DRT é a psicoterapia. Apesar da modalidade de psicoterapia com maior base de evidência na literatura para esta condição ser a terapia cognitivo-comportamental (TCC), outras formas de abordagem como a terapia in- terpessoal, a terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT) e a terapia compor- tamental dialética também se apresentam como boas alternativas. (30–32) Apesar desta aparente superioridade, sempre se orienta que o paciente mantenha a psicoterapia que já está realizando caso esteja bem adaptado a ela. Neste caso a psicoterapia sempre é adjuvante ao tratamento farmacológico. A TCC é uma modalidade de psicotera- pia fundamentada na existência de padrões automáticos de pensamento (crenças), ge- rando sentimentos e ações secundaria- mente. Na depressão, os terapeutas têm por objetivo identificar distorções cognitivas (p.ex. : pessimismo) e reestruturá-los. Os principais estudos de TCC para DRT são como estratégia potencializadores, apresen- tando resultados interessantes de eficácia e, principalmente, de prevenção de recaída e aumento de adesão e velocidade de resposta ao tratamento farmacológico. (31,33,34) Muitos estudos recentemente têm uti- lizado a terapia cognitiva baseada em

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