Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

73 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. alguns cocos Gram-positivos, mas não em relação ao Cd, onde é muito rara; sabe-se que a maioria das recorrências do Cd não são por resistência ao metronidazol. Nos esquemas usados habitualmente, o metronidazol é um medicamento bem tolerado. Os efeitos adversos mais relatados são gosto metálico, náusea, vômitos, azia, diarreia ou prisão de ventre. Eventualmente podem ocorrer reações alérgicas, mas não são comuns. Raramente hepatite e pancrea- tite já foram descritas. A urina pode ficar de cor vermelho escuro durante o seu uso. Em doses mais altas ou em tratamentos mais prolongados podem surgir reações neurológicas, principalmente polineuro- patia periférica, neurite óptica, tonteiras, depressão, insônia e, mais raramente, psi- coses. Recomenda-se não se ingerir bebi- das alcoólicas até 1 dia após o término do tratamento, pois pode haver uma reação dissulfiram-like . Em nível experimental relatam-se propriedades mutagênicas e car- cinogênicas com o medicamento. Em seres humanos, vários estudos não conseguiram demonstrar a relação entre câncer e o uso do medicamento, mas alguns autores reco- mendammais pesquisas para as conclusões definitivas. Na gravidez o Federal Drug Administration (FDA) o classifica como fármaco B, entretanto há muita discussão sobre o uso deste fármaco, sobretudo no pri- meiro trimestre da gestação. Vários autores recomendam evitar o medicamento durante toda a gestação e só admitem usá-lo quando não houver outras opções adequadas. No puerpério também deveria ser evitado, pois elimina-se no leite em quantidade que pode dar um gosto amargo, dificultando a amamentação, podendo levar à recusa da mamada pelo recém-nascido. Ometronidazol, principalmente por via oral, é ummedicamento de custo acessível e facilmente disponível e por isto ainda bastante usado em nosso meio. O tratamento das formas leve e modera- da da DCd, na maioria dos guidelines mais recentes, em adultos deve ser realizado preferencialmente com a vancomicina VO ou com a fidaxomicina, esta última ainda não disponível no Brasil. Habitualmen- te o tratamento com o metronidazol só é indicado quando não há possibilidade de usar a vancomicina ou a fidaxomicina; re- comenda-se que nestes casos seja feito em pacientes com formas leves ou moderadas, sem a presença de fatores de risco de gravi- dade ou recorrências. Deve-se acompanhar atentamente a resposta, que em geral se faz em 5 a 7 dias. Os resultados são inferiores aos da vancomicina e aos da fidaxomicina, bem como a frequência de recorrências é maior com o seu uso (Quadro 6). Em Pediatria há carência de estudos prospectivos comparando o metronidazol com a vancomicina. Desta forma, alguns autores consideram que o metronidazol poderia ainda ser a primeira opção em crianças para o tratamento das formas leves da DCd, (13,24) enquanto outros colocam em patamar de igualdade a vancomicina e o metronidazol, (43,45) entretanto sem sugerir

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